Um impeachment sem cebola, por favor!

Um impeachment sem cebola, por favor!

xepa

No varejão das opiniões e na xepa da liberdade de expressão cada um pede e vende o que quiser. Ônus do estado democrático – fazer o quê, melhor ouvir e ler besteira do que não poder ler ou ouvir nada –, o pregão do absurdo corre solto nas redes sociais e enche a vida – e a paciência da gente – com os mais esdrúxulos enunciados. Pode chegar freguês, pode chegar freguesa que na web não faltam as mais lisas pirambóias ensaboadas a bater o rabo das palavras na cabeça do povo.

Quando achávamos que o ano de 2014 já havia quebrado todos os recordes do anúncio de boatos e invencionices, 2015 vaticina – em pleonástica perspectiva – que vai ganhar em muito do ano que se foi. Em se tratando de política e partidarismos, em especial, este ano já começou com tudo. Com a ajuda da grande imprensa, sempre comprometida e de rabo preso com os partidos de oposição, a campanha midiática contra o governo Dilma, por exemplo, vem chegando às raias da esquizofrenia – e está deixando as pérolas do ENEM no chinelo.

Para se ter uma ideia, nesta semana, levados pelos derrotados nas eleições presidências – que querem a qualquer custo o impeachment da presidente da república –, esquizofrênicos anseios viralizaram na internet. Seria cômico se não fosse trágico, mas tem gente acreditando que um impeachment de Dilma – supondo que ele fosse possível, o que legalmente (ainda) não o é – colocaria no Planalto a figura do candidato derrotado Aécio Neves! Ora, pois! Um impeachment com cebola ali para a madame, por favor!

E as alucinações políticas não param por aí. Hoje mesmo chegou à redação deste Diário uma postagem anunciando em letras garrafais que o presidente da Venezuela, N. Maduro, está prestes a invadir o Brasil para defender Dilma! Ora, ora! Outros neurastênicos de carteirinha espalham a canalha ideia de que os médicos cubanos espalhados pelo Brasil são, na verdade, soldados de Fidel, treinados em guerrilhas e prontos para defender a companheira Rousseff caso ele seja deposta. Aja Lexotan e Ritalina, minha gente!

Para este Diário, pedir o impeachment de um presidente que ainda não chegou à metade do segundo mês de seu mandato é o mesmo que convidar o casal Nardoni para o Criança Esperança. Eleita pelo voto direto e democrático – apesar de os esquizos de plantão acharem que as urnas estavam todas programadas – a Presidente não aparece arrolada em nenhum dos casos que, até o momento, foram lançados aos ventiladores da grande mídia. Pelo contrário, muitos dos políticos que tentam promover o impeachment da presidente é que são descritos em planilhas e outras fontes misteriosas de registro de propinas e outras falcatruas da estatal.

É pena, mas enquanto a nação continuar a se deixar levar pela indústria que manipula a informação no país (e por memes e outros virais ridículos espalhados pelas redes), não conseguiremos um debate sério e capaz de promover as profundas mudanças que, há décadas, se fazem necessárias. Promover o caos e a instabilidade da nação por meio da informação mentirosa e da manipulação das massas é tão calhorda quanto assaltar os cofres públicos ou receber propina.

Enquanto o que estiver em jogo não for um plano de governo, mas um plano de poder, estaremos todos – ainda – nas mãos daqueles que, como fascistas que se prezam, sabem que a informação e a notícia são produtos feitos para caírem como bombas nas salas de TV e nas redes sociais de seus consumidores – ávidos por boatos que culpem o governo (seja ele federal, estadual ou municipal) por todas as mazelas de suas vidas.

Desconfiar daquilo que se lê e se ouve (inclusive deste editorial, por que não?) é a melhor solução e a única saída.

Não se deixe levar!

– editoria do Diário do Engenho.

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