Como cuidar da saúde dos ossos

Como cuidar da saúde dos ossos

Quando se fala em ossos, provavelmente a primeira imagem que nos vem à mente é aquela do esqueleto morto. Mas, pelo contrário, nossos ossos são estruturas muito vivas como qualquer outro órgão do nosso corpo. Assim como a pele, que perde as células mortas e substitui por outras novas, também os ossos estão em constante renovação. O que muda é o tempo que leva para essa troca de células velhas por novas. Nos ossos, esse tempo é de anos enquanto na pele é de dias.

Começamos a formar e aumentar a quantidade de nossos ossinhos quando ainda estamos na barriga de nossas mães. Depois do nascimento, à medida que crescemos esta quantidade de osso vai aumentando. É importante lembrar que não basta aumentar a quantidade de osso, mas também devemos pensar na qualidade do osso formado e tanto para formar como para manter um osso bom e resistente três cuidados fundamentais devem ser observados: boa alimentação, exercícios físicos e sol.

A alimentação deve ser rica em cálcio e fosfatos porque esses são os dois principais elementos na composição dos ossos. Os fosfatos estão presentes na maioria dos alimentos, por este motivo é pouco preocupante. Entretanto, o cálcio está presente em grandes quantidades somente no grupo de alimentos à base de leite, os laticínios. Outros alimentos, como as verduras verde escuras, também contêm cálcio, porém a quantidade é muito pequena e sua absorção é prejudicada pelas fibras contida nesses alimentos. A quantidade de cálcio que necessitamos diariamente não é, na prática, viável alcançar somente ingerindo verduras.

As necessidades diárias de cálcio variam de acordo com sexo, faixa etária, presença de doenças e o uso de alguns tipos de medicamento que têm como efeito colateral a perda da massa óssea. As mulheres precisam de atenção especial durante a gravidez e depois da menopausa – períodos nos quais a ingesta de cálcio precisa ser maior. Assim, para estabelecer uma dieta adequada e a quantidade de alimentos ricos em cálcio que devemos consumir diariamente é preciso avaliar cada caso individualmente. E, claro, de acordo com as preferências de cada um.

Os exercícios físicos são importantíssimos! Na fase de crescimento, para que haja formação de osso e, na fase adulta, para manutenção da massa óssea. Os exercícios mais eficientes para formação e manutenção da massa óssea são aqueles realizados com a ação da gravidade e aqueles que geram impacto. Porém, mais uma vez, é preciso orientação individual para a escolha do exercício mais adequado para a idade e condições físicas e cardiovasculares para evitar danos.

Os raios solares são responsáveis pela conversão da vitamina D da forma inativa para a forma ativa. Este processo se dá na pele. A vitamina D é um hormônio envolvido em vários processos no nosso corpo, entre eles a absorção do cálcio retirado dos alimentos e o controle do nível do cálcio no sangue e na urina. Em caso de falta de cálcio no sangue, como ele é vital para o funcionamento das nossas células, a vitamina D tira o cálcio do osso para manter essas funções que são prioritárias. Desse modo, é preciso exposição ao sol por pelo menos quinze minutos diários em braços e pernas para satisfazer nossas necessidades diárias dessa vitamina. Janelas de vidro ou o uso de protetores solares diminuem a ação benéfica do sol sobre a pele para conversão da vitamina D.

Importante é saber equilibrar dieta, exercícios e banhos de sol. O excesso e a escassez de quaisquer desses elementos podem ser prejudiciais. O excesso de sal, carnes, enlatados, bebidas alcoólicas e a base de cola e cafeína estão associados com perda da massa óssea. Assim como pessoas sedentárias e que não se expõem ao sol terão maior risco de perder massa óssea.

Caso ocorra perda da massa óssea, os ossos tornam-se susceptíveis a quebras ou fraturas. Na foto abaixo, é possível visualizar à esquerda um osso normal e à direita um osso que perdeu massa óssea. É fácil notar que o osso se torna mais poroso e mais frágil.

                                                                         Osso normal             Osso porótico

A osteoporose, portanto, é a doença causada pela perda da massa óssea. Ela ocorre principalmente em idosos e é muito mais frequente nas mulheres após a menopausa. Alguns fatores são considerados de risco para essa perda óssea: sexo feminino, raças branca e asiática, nunca ter engravidado, ter baixa estatura e baixo peso, ser sedentário, ter história familiar de osteoporose, alcoolismo, tabagismo, má nutrição, uso de algumas medicações como os corticoides orais e a concomitância de algumas doenças crônicas como o diabetes.

Os ossos mais comumente afetados são os da coluna, quadril e punho. Mas, os sintomas da doença podem estar ausentes. Alguns sinais levantam a suspeita de que possa estar havendo perda da massa óssea como a perda lenta da estatura e aumento da cifose torácica, ou seja, a pessoa fica a cada ano mais baixa e mais corcunda.

A confirmação do diagnóstico é feita através de exames de imagem e exames laboratoriais. A densitometria óssea é a mais usada para esse fim. É importante ressaltar que exames de sangue e urina são importantíssimos para saber a causa da perda óssea, pois a densitometria apenas revela que houve a perda.

A principal preocupação com a osteoporose é o risco de fraturas. Muitas vezes, a primeira manifestação da doença é a fratura e ela pode ocorrer na ausência de um trauma. Quando isso ocorre, é necessária a investigação da presença de osteoporose e da sua causa. As fraturas de quadril requerem internação e cirurgia. Além do risco cirúrgico, o período acamado no hospital pode desencadear complicações fatais não diretamente relacionadas à doença, como uma infecção ou uma trombose.

Portanto, fica claro que pessoas sabidamente osteoporóticas devem evitar quedas. Cuidados simples dentro de casa, local onde frequentemente os acidentes ocorrem, como não utilizar tapetinhos, evitar escadas sem corrimão, não pisar no chão molhado, cuidado com fios, cabos e brinquedos espalhados pelo chão, ao levantar-se à noite sempre acender a luz para caminhar e até cuidado com nossos queridos pets que podem enroscar nas pernas levando à queda.

Concluindo, a saúde de nossos ossos depende de uma dieta equilibrada e rica em cálcio, exercícios físicos, banhos de sol e uma visita ao médico para exames de investigação principalmente nas mulheres com idade próxima à menopausa. Feito o diagnóstico, o tratamento deve ser iniciado prontamente, pois como vimos, os ossos levam muito tempo para se remodelar. Quanto maior a perda óssea, maior o risco de fraturas e menor a resposta ao tratamento.

Cuidem-se!

 

 

 

 

 

Beatriz Funayama Alvarenga Freire é médica, cantora,  atleta, doutora em medicina pela Unesp, pós-doutora pela Rijkuniversiteit Groningen – na Holanda – e mestre em linguística pela Unicamp.

 

 


 

 

 

 

 

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