Na coluna anterior, aqui no nosso querido Diário do Engenho, foi abordado o uso de máscaras (https://diariodoengenho.com.br/o-efeito-do-uso-de-mascaras/). Tão importante quanto as máscaras, é a lavagem das mãos na prevenção de doenças.
A expressão “lavar as mãos” é amplamente conhecida e utilizada com o significado de isentar-se de responsabilidade. Foi o que fez Pôncio Pilatos, então governador da Judéia (26-36 d.C.) com poderes de juiz, ao passar para o povo a decisão de condenar Jesus. Hoje, os termos “lavar as mãos” no sentido literal estão em todas as mídias com um significado oposto: é a responsabilidade que cada indivíduo tem nas mãos sobre a propagação da doença causada pelo novo coronavírus, a COVID-19 (do inglês COronaVIrus Disease iniciada no ano de 2019).
Todos sabem a importância do ato de lavar as mãos na prevenção de doenças. O que poucos sabem é que isso se deve a dois grandes cientistas: Ignaz Semmelweis (1818-1865) e Louis Pasteur (1822-1895). Semmelweis foi um médico húngaro que ao determinar a simples lavagem das mãos de médicos e parteiras ao realizarem o parto, reduziu de 18,3% para 2% as mortes de mulheres no pós-parto na enfermaria de obstetrícia. Entretanto, como tantos outros verdadeiros heróis da humanidade, Semmelweis baseou suas orientações em dados clínicos e científicos e foi desacreditado e teve fim trágico.
Melhor sorte teve o físico e químico francês Louis Pasteur que através de vários experimentos provou que aquilo que estava nas mãos dos médicos e parteiras do hospital de Semmelweis, eram microorganismos nocivos à saúde. Essa e outras descobertas de Pasteur, como a vacina anti-rábica e o método de pasteurização, ambos utilizados até os dias atuais, trouxeram imensa contribuição à medicina.
O efeito da lavagem das mãos, que em tempos de COVID-19 tornou-se uma grande arma contra a doença, pode ser visualizado através de um experimento relativamente simples em laboratório. Microrganismos, como por exemplo uma bactéria, não podem ser vistos a olho nu. Mas, alguns tipos de bactérias ao se reproduzirem, formam as chamadas colônias de bactérias. Essas colônias podem ser vistas sem o auxílio de um microscópio. A figura abaixo mostra duas placas para cultivar bactérias. Na placa da direita um indivíduo encostou os dedos com as mãos lavadas e na da esquerda sem a lavagem das mãos. Cada pontinho branco na placa é uma colônia de bactérias que se desenvolveu após um período de 48 a 72 horas. Fica evidente o maior número de colônias de bactérias da mão sem higienização. Também é possível notar que, mesmo após a lavagem, as pontas dos dedos continuaram sujas. Então, é importante prestar muita atenção para uma limpeza completa de mãos, dedos e punhos.
A higienização das mãos pode ser feita por um processo mecânico, químico ou utilizando-se os dois métodos associados. O processo mecânico de limpeza das mãos quando bem feito é tão eficaz quanto o químico. Para aumentar a eficácia, é possível associar os dos processos, mas é imprescindível que haja o esfregar das mãos (processo mecânico). Esse é o método utilizado por médicos antes de iniciarem um procedimento cirúrgico e antes de calçarem as luvas. Para o nosso dia a dia, a esfregação pode ser feita com produtos que tenham ação de limpeza ou que também ajam na morte dos microorganismos. O uso de álcool gel ou álcool líquido a 70o sem a esfregação das mãos garante uma boa higienização e devem ser usados quando não há água e sabão disponíveis.
Desse modo, LAVE AS MÃOS! Essa prática previne não somente a COVID-19 mas tantas outras doenças muito bem conhecidas. Um ato tão simples, de eficácia relatada há quase 200 anos, pode salvar e preservar vidas. A morte de Semmelweis, internado num manicômio devido às suas ideias loucas de limpeza das mãos, e a vida de Pasteur dedicada ao estudo dos micróbios não podem ter sido em vão.
Beatriz Funayama Alvarenga Freire é médica, cantora, atleta, doutora em medicina pela Unesp, pós-doutora pela Rijkuniversiteit Groningen – na Holanda – e mestre em linguística pela Unicamp.
Foto de capa: Marcos Oliveira/Agência Senado.
Bravo!!!
Nada substitui o bom e velho hábito de lavar as mãos, e principalmente manter a higiene pessoal para se ver livre de qualquer doença.
Excelente texto!
Grazie!
Agora só precisamos lutar para que todos tenham acesso a água! E mais que isso, que não nos falte água!
Parabéns !
Adorei o texto apresentado !
Nós devemos nos preservar das doenças transmitidas pela falta de higienização das mãos ; devemos manter as nossas mãos sempre limpas e higienizadas; para evitarmos bactérias e doenças indesejáveis .
Excelente texto!!!
Saber a história de uma atitude tão fundamental desde sempre e principalmente tão fundamental nos dias de hoje.
Obrigada Yara! Gosto de saber a história pq, de certo modo, fica mais fácil entender o motivo das coisas serem como são hj. Bjs
Muito bom o texto. Explicativo, fácil entendimento. Parabéns
mãos
Obrigada Gloria! Bjs
Muito legal o novo texto, Bia! Um pouco de história, uma importante conscientização e bastante informação!
Um abraço de seu amigo,
Piva