Nem Cristo, nem Barrabás

Nem Cristo, nem Barrabás

E então, vamo-nos certificando, cotidianamente, que estamos à mercê de um imenso caos nas esferas econômica e política do país, que vem impactando desfavoravelmente a vida dos brasileiros. Vivenciamos um contexto em que a crise econômica já se tornou endêmica e a inflação, antes às duras penas debelada e combatida por governos anteriores, retorna com força total e corre a galope feito um cavalo desembestado e cheio de furor desferindo golpes e coices com seus cascos inflexíveis para cima da população brasileira.

A atual situação, faz-me lembrar do tempo medonho que gostaria que nunca mais se repetisse, em que há cerca de trinta anos atrás, ela – a inflação, representada por um enorme dragão devorador, cuspia fogo e queimava nossos míseros rendimentos quer seja em cruzeiros ou em cruzados novos. Mas, eis que tal e qual ao passado nefasto, o povo pena novamente debaixo das saraivadas dos preços elevados de todos os itens de consumo, prestações de serviços e de impostos e se contorce diante dos juros astronômicos a triplicar suas dívidas de empréstimos ou de cartões de crédito, apenas valendo-se do seu FGTS para ficar menos endividado.  No entanto, há sempre dois lados da moeda e há a classe que se beneficia com essa desgraça, que detém alto capital para investimentos e que vê, em êxtase, multiplicar seus proveitos sem mover uma palha e, graciosamente, passa pelo momento mais lucrativo de todos os tempos.

Em queda mesmo e, de modo vertiginoso, se distinguem os preceitos fundamentais: democracia, respeito às leis constitucionais, dignidades sociais e trabalhistas, bem-estar social, poder de compra e tudo que se refere aos núcleos de direitos e cidadania. No entanto, notório é que a nação continue apática diante da situação que a acomete ( vale descontos para a grande massa dos já totalmente excluídos sociais e daqueles que estão “vendendo o almoço para pagar a janta” como fala o dito popular).  O único termômetro de que as coisas não andam bem se evidenciam por meio dos setores públicos onde se alastram as paralisações em inúmeros órgãos afins, com intuito de reajustes salariais. E, assim como ocorrem em Piracicaba, as ordens judiciais e liminares, peremptoriamente expedidas aos montes, dão conta de abafá-las e negociações frequentemente emperram diante de arbitrariedades e autoritarismos dos governantes. Localmente, referente a situação dos servidores públicos, padecemos em meio às intermináveis discussões, desgastes, judicializações, liminar, aprovação e declínio de emendas, projetos de lei e falhas da Procuradoria Geral do Município que reduziu erroneamente o tempo e os percentuais do reajuste de 2019 a 2022, e continuamos sem definições concretas para a reposição inflacionária devida. Nesta circunstância incerta, tudo concorre para a deflagração de nova paralização no futuro próximo.

Diante destas perspectivas, vemos colocados em xeque as bases da democracia e dos princípios da dignidade humana, os quais têm sofrido baques e retrocessos, parecendo ser a urna eleitoral a única esperança de amenizar o quadro de penúria que abunda no Brasil. Tendo em vista que, dentro do espectro histórico antigo e moderno, viu-se que uma das primeiras escolhas democráticas de que temos notícia foi no Sinédrio com a eleição da vida de Barrabás em detrimento de Cristo e considerada hoje a oferta hegemônica de Barrabás no cenário político brasileiro, ficamos com a enorme incumbência de eleger aquele que menos tem penalizado o povo. É sugerido então uma pesquisa rigorosa e tomando cuidado extremo com as ardilosas fakes news, tão prodigiosas na era atual!

 

 

 

 

 

Márcia Scarpari De Giácomo – professora do Ensino Fundamental e Mestre em Educação.

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