“Graciliano foi mestre de minha geração”

“Graciliano foi mestre de minha geração”

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Na Flip, Gilberto Gil defendeu que se crie uma alternativa para que ingressos da Copa do Mundo possam também chegar a pessoas de baixa renda de nosso país.

  

Atencioso, culto, muito educado, simpático, genial. Por mais elogiosos que possam parecer essas expressões, elas por outro lado não dão conta de  – mesmo que parcialmente –  adjetivar a figura humana do cantor e compositor Gilberto Gil. Sempre atento a causas e questões sociais, Gil realizou na última quarta-feira (3) o show de abertura da Festa Literária Internacional de Paraty e participou na quinta-feira (4) de uma coletiva de imprensa e também de uma das mesas de debates do evento.

Ao lado da escritora Regina Zappa, sua biógrafa, Gil falou com os jornalistas sobre o lançamento do livro “Gilberto Bem Perto,”  publicado pela editora Nova Fronteira e lançado na Flip. Versátil  e muito inteligente, o cantor e compositor baiano falou também sobre o momento político que o Brasil está vivendo, e disse que espera que as mobilizações e manifestações populares continuem tão intensas quanto o necessário – reafirmando que torce para que elas possam colocar o país nos eixos.

Gil também comentou sobre a necessidade de – no seu ponto de vista – criar-se uma forma de fazer também com que a população carente ou menos favorecida do Brasil possa assistir nos estádios aos jogos da Copa do Mundo que acontecerão no país, em 2014. Para ele, não é possível que apenas “cinco meninos ricos de São Paulo” possam ver os jogos. Gil disse ainda que seria interessante que se criasse uma ONG que pudesse trabalhar para tentar comprar ingressos a fim de fornecê-los aos negros de baixa renda e pessoas carentes.

Sobre Graciliano Ramos – vulto da literatura brasileira que foi homenageado nessa edição da FLIP – Gilberto Gil declarou que o escritor e sua obra funcionaram sempre como um marco para aqueles que, ligados a questões sociais, engajaram-se na luta por melhorias nas condições de vida no Brasil. “Graciliano foi um mestre da minha geração” – disse. O cantor e compositor baiano também afirmou que é necessário se pensar o processo de explosão demográfica de nosso país. “A explosão demográfica é um problema social causado pela falta de instrução, pela falta de educação das pessoas” – declarou também, ressaltando o fato de que é fundamental investir-se efetivamente na formação das pessoas.

Destacando a importância da Festa Literária Internacional de Paraty, Gilberto Gil comentou que, para ele, eventos literários como a FLIP ajudam a fomentar a leitura entre os brasileiros – havendo a necessidade de que muitas outras festas semelhantes aconteçam e se espalhem Brasil afora.

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Texto e foto: Alexandre Bragion

 

 

2 thoughts on ““Graciliano foi mestre de minha geração”

  1. Parabéns!
    Ao ler a matéria fiquei muito feliz. Afinal seu conteúdo aborda três questões fundamentais:
    a) A primeira questão é ver o grande Gilberto Gil envolvido,como sempre, nos problemas sociais. É muito comum ver as raposas da música,literatura,dramaturgia e outras se esconderem em momentos como este que o Brasil vive. Toda natureza de Gil explode ao pontuar os problemas sociais e ações;
    b) Levantar uma reflexão da importância de Graciliano e como este era atento aos problemas sociais é prestar mais uma homenagem a este Gigante da literatura.
    c) Levantar a questão de quem vai ter condições de assistir um jogo da copa do mundo é desnudar as artérias da sociedade brasileira. As manifestações apontaram uma preocupação com os gastos públicos e defenderam que o dinheiro deveria ser utilizado na educação, saúde e em outros setores fundamentais para a sociedade. Grande Gil o dinheiro já foi e agora temos que discutir quem vai usufruir destes elefantes brancos construidos. Defender uma política para os menos favorecidos assistirem a copa é uma grande SACADA.
    Parabéns pela cobertura do evento e a brilhante matéria com Gilberto Gil.

  2. Grande Gilberto Gil! É sempre bom ver sua lucidez! Muito pertinente também a reflexão sobre a explosão demográfica no Brasil. Uma forma de olhar a educação que amplia seu escopo para além dos assuntos tradicionalmente abordados – como analfabetismo, formação de profissionais e participação política, por exemplo – e chama a atenção para o fato, muitas vezes negligenciado, de que a questão da educação tem implicações também estruturais para o país.

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