Lançar fumaça sobre as atrocidades, barbaridades e descalabros que se avolumam no dia a dia do desgoverno: essa é a estratégia suicida adotada pelo atual mandatário do cargo maior do executivo brasileiro (sim, este espaço online se recusa a adjetivá-lo como presidente) e por seu séquito ministerial sinistro.
Estratégia nada original – pois replica a olhos vistos o que os estrategistas de Donald Trump exigem dele -, distrair a opinião pública desviando dela o foco dos principais assuntos da pauta nacional por meio de polêmicas acerca das mais bestiais boçalidades é a tarefa que o mandatário brasileiro cumpre com maior esmero, capacidade e envergadura até aqui.
Afinal, nada que ele tenha tentado fazer nesses primeiros meses de desgoverno foi executado com tamanha competência quanto a prática de dizer boçalidades, sandices, idiotices, ofensas e outras tantas e tantas asneiras que fazem vibrar a massa alienada e o coração de seus eleitores mais crentes (sim, os mais crentes mesmo!).
Já vimos e ouvimos de tudo até aqui – mas, infelizmente ou felizmente, ainda não ouvimos tudo. Da mamadeira de piroca a Jesus na Goiabeira, do kit gay à negação da escravidão do povo negro, da afirmação de que no Brasil ninguém passa fome à defesa da prática de nepotismo instalada na indicação de um filho para a Embaixada Brasileira nos EUA – dentre outras, outras, outras e outras idiotices diárias – nada parece ter sido tão repugnante (se é que isso é possível) quanto o ataque feito à memória do pai de Felipe Santa Cruz, presidente da OAB (cujo pai, morto pela ditadura militar brasileira, nunca teve seu paradeiro e destino revelados pelos carrascos militares).
A cusparada nojenta sobre a memória de uma vítima da ditadura, ao que tudo indica, respingou também no que resta de humano em uma sociedade quase totalmente imbecilizada. Por isso, políticos da esquerda e mesmo alguns de uma direita menos tacanha reagiram publicamente à atrocidade. Parte da imprensa também repudiou a estupidez de tal “fala” e até mesmo aliados do atual mandatário – como o governador João Dória, por exemplo – saíram a campo reprovando o mais novo ato desumano vindo daquele que deveria zelar pelo respeito, pelos direitos e pela tranquilidade do país.
Com esperança depositada em dias melhores, queremos aqui acreditar que – fartos de termos de suportar a materialização verbal das fezes diárias expelidas pelo desgoverno nos nossos ouvidos convertidos em latrinas – ora ou outra a nação vai entender que a descarga diária que desce Brasil adentro precisa desaguar também – em meio ao esgoto verbal e mental que vem de Brasília – os poderosos que aviltam a nação desde janeiro.
Suicida, como dissemos, a prática da cortina de fumaça – que vem protegendo o desgoverno até aqui – no entanto dá pistas de começar a sufocar o próprio incendiário. Pela primeira vez, fala-se seriamente em impeachment (apesar de que, obviamente, essa proposta não tem força agora de ser levada a cabo). Nas redes sociais, todavia, o incômodo com o ocorrido foi – ao menos ao que parece – muito maior do que o efeito positivo que o gênio sentado sobre a cadeira mais importante do país talvez esperasse.
Se a estratégia de tais sumidades não mudar – e pela pouca capacidade de quem as pensa e as pratica acreditamos que não deverá mudar tão logo – talvez em breve o nojo e o cansaço provocados por essa atmosfera nacional abjeta estimulem na população o desejo de virar finalmente uma das páginas mais tristes, ridículas, atrozes, lamentáveis e sujas da história do país.
Impeachment já. Seria preciso costurar a boca desse ser ignóbil!🤢🤮🤢😀
Mesmo sem força (ainda), seria muito importante uma chuva de pedidos de impeachment caindo na mesa do Rodrigo Maia. Também será muito importante a mobilização de 13 de agosto. Todos nas ruas a favor da educação pública, gratuita e de qualidade e pedindo o impeachment desse sujeito!
Parabéns, adorei este artigo..
Gostei. Precisamos ouvir pessoas lúcidas vez por outra para amenizar nossa náusea…o