Volta às aulas: audiência pública sinaliza para riscos do presencial

Volta às aulas: audiência pública sinaliza para riscos do presencial

A audiência pública sobre a volta às aulas na rede municipal de ensino de Piracicaba, ocorrida na manhã de sexta-feira (12) – e proposta pela comissão de Educação, Esporte, Cultura, Ciência e Tecnologia – trouxe a público um debate fundamental sobre o momento atravessado pelas escolas e população piracicabana. Contando com a participação dos senhores secretários da Saúde e da Educação do município e também com a presença de entidades locais – como representantes do Sindicato do Trabalhadores Municipais, Conselho Tutelar, Conselho Municipal de Educação  e outros –, a audiência mobilizou um grande público online que pode acompanhar a sessão pelas redes sociais e pela TV Câmara.

Presidindo a mesa coordenadora dos trabalhos, a vereadora Rai de Almeida – presidente da referida comissão – abriu  os trabalhos afirmando que “apoiar a volta às aulas neste momento é uma atitude negacionista”. A vereadora afirmou  também  que esteve visitando várias escolas está semana e viu que na rede, em muitas unidades, ainda não havia tapetes sanitizantes, que as máscaras oferecidas aos alunos foi em número insuficientes, que muitas escolas estão sem lixeiracom pedaleira e que as que lá estãoforam compradas pelas próprias escolas com recursos do PDDE. “Ouvimos de professores e servidores que esta semana tivemos casos de positivação e há um receio em comunicar a família das crianças que conviverem com essas pessoas” – comentou Rai. “Pelos relatos que ouvimos, as escolas em Piracicaba ainda não têm estrutura necessária. Há acúmulo de tarefas” concluiu a vereadora.

O secretário da educação, João MarcosThomaziello, afirmou que antes de se iniciar o retorno às aulas a secretaria se reuniu comvários grupos da atenção básica para se discutir esse retorno.  “Fizeram a testagem e o processo teve acompanhamento do Prefeito Luciano Almeida. Segundoo  secretário, dos 2155 servidores – 195 foram encaminhados para a retestagem, e depois somente 3 casos foram confirmados. Ainda de acordo com o secretárioThomaziello, foi feita uma consulta pública na comunidade escolar em relação ao retorno e que 67,5 % dos que participaram dessa entrevista disseram “sim” ao retorno às aulas.  Thomaziello afirmou também que a vereadora realmente tem razão em dizer que ainda nem todas as escolas receberam a lixeira com pedal,“mas está sendo comprado para todas”, explicou.

De acordo com o secretário de Saúde, Filemon Silvano, “estamos no caminho certo. O Brasil e o mundo parou um ano por causa da pandemia. Isso trouxe transtornos psicológicos. Houve aumento no número de suicídios. A não volta está fazendo com que as pessoas tenham transtorno mental” – afirmou o secretário, justificando o processo de volta às aulas presenciais.

A audiência contou também com a presença de vários vereadores da Casa que contribuíram em muito para que o debate pudesse ser profundo e democrático – e a questão da volta às aulas no presencial melhor entendida.  A deputada estadual e também presidenta da Apeosp, professora Bebel, também foi convidada para sessão e se fez presente. “Chamo para a sensibilidade. Não temos controle desse vírus. O Brasil perdeu o controle. Não milito contra a educação. Milito a favor da Educação. Mas neste momento estou em defesa da vida. Não haverá educação se não houver vida” – sentenciou Bebel. “Ontem, o Brasil teve 1462 mortes! Choram, como diria a canção, Marias e Clarices”, disse a deputada.

A presença dos cidadãos e cidadãs, virtualmente, foi muito grande. Muitos servidores e servidoras manifestaram-se no chat da reunião e se colocaram temerosos em relação ao processo de volta às aulas. Houve ainda, nos chats, várias denúncias sobre falta de EPIS nas escolas, falta de estrutura, acúmulo de trabalho decorrente do aumento de cuidados e número insuficiente de servidores em muitas unidades.

Os secretários responderam às perguntas e colocações feitas e se comprometeram a responder por escrito as que lhes serão entregues por escrito.

Ao final da sessão, a vereadora Rai de Almeida encerrou os trabalhos colocando que a vida está em primeiro lugar e que ela e os demais vereadores – bem como a comissão de Educação na Câmara – se colocam juntos e juntas nesse momento em prol da sociedade e atentos à preservação da vida.

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Foto de capa extraída do site da Câmara dos Vereadores

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