Sesc divulga artistas premiados da 15ª Bienal Naïfs do Brasil

Sesc divulga artistas premiados da 15ª Bienal Naïfs do Brasil

Realizada no Sesc Piracicaba há quase 30 anos, a Bienal esse ano
teve sua visitação presencial adiada em razão da pandemia. Contudo, dá início a ações online, que se estenderão até julho de 2021
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Sob o título “Ideias para adiar o fim da arte”, com curadoria de Ana Avelar e Renata Felinto, a 15ª Bienal Naïfs do Brasil, realizada pelo Sesc São Paulo na unidade de Piracicaba, anuncia os artistas premiados na edição 2020 da mostra. No final do ano passado, foram selecionadas 212 obras de 125 artistas – de 21 estados brasileiros, além do Distrito Federal. As inscrições se deram por meio de uma convocatória pública realizada entre setembro e novembro de 2019. As obras e instalações dessa edição apresentam técnicas como pintura, colagem, desenho, aquarela, gravura, escultura, entalhe, bordado, costura, crochê, marchetaria e modelagem.

Compõem também o recorte da curadoria obras das artistas convidadas Carmela Pereira, Leda Catunda, Raquel Trindade e Sonia Gomes, estabelecendo diálogos com o resultado da seletiva. Prevista inicialmente   para abrir em agosto de 2020, a exposição na unidade do interior de São Paulo, em função da pandemia, ainda não tem data de abertura ao público.

Premiados

Como forma de estimular a participação, valorizar seu trabalho e diversificar a coleção permanente da instituição – o Acervo Sesc de Arte –, o Sesc São Paulo concede a alguns dos artistas selecionados, por meio de suas obras, o Prêmio Destaque-Aquisição, o Prêmio Incentivo e Menção Especial. Na 15ª edição da Bienal Naïfs, as obras agraciadas são:

Prêmio Destaque-Aquisição

Cotidiano II, de Alexandra Adamoli (Piracicaba, SP)

Totem Apurinã Kamadeni, de Sãnipã (Pauiní, AM)

O renascimento de Luzia, de Paulo Mattos (São Paulo, SP)

O martírio de Nossa Senhora do Brasil, de Shila Joaquim (São Matheus, ES)

Prêmio Incentivo

Manto tropeiro: um breve olhar do caminho das tropas, de Angeles Paredes e Carmem Kuntz (Sorocaba, SP)

Em busca de uma liberdade que ainda não raiou, de Con Silva (Batatais, SP)

Comadre Fulosinha dá a luz depois de degolar o caçador que a engravidou, de Eriba Chagas (São Paulo, SP)

Esperança em pedaços, de Chavonga (Diadema, SP)

Brincantes do imaginário, de Valdeck de Garanhuns (Guararema, SP)

Menção Especial

É óleo no mar…, de Alcides Peixe (São Paulo, SP)

Cantinho do benzer, de Alexandra Jacob (Piracicaba, SP)

Vazante, de Eri Alves (São Paulo, SP)

Jandira #33, de Hellen Audrey (Campinas, SP)

Aprendiz de Pajé, de Yúpury (Manaus, AM)

Umbuzeiro florindo, de Nilda Neves (São Paulo, SP)

Gorda, de Soupixo (Crato, CE)

Alma da estrada, de Thiago Nevs (São Paulo, SP)

Dia-a-dia de Finoca, de Zila Abreu (São Paulo, SP)

Ações online

A Bienal Naïfs do Brasil 2020 teve sua visitação presencial adiada em razão da pandemia. Contudo, ações online, que se estenderão até julho de 2021, permitem ao público que se aproxime deste universo mesmo durante o isolamento social. Ao longo dos próximos meses, a equipe curatorial, artistas e especialistas participarão de uma   série de atividades gratuitas por meio de plataformas virtuais e com a possibilidade de alcançar pessoas de todas as regiões do país, nas quais serão abordados temas como as estratégias de visibilização de produções artísticas, as dinâmicas dos espaços de criação, além de diferentes perspectivas sobre o campo da arte dita popular.

A programação terá bate-papos e encontros virtuais, assim como cursos destinados a públicos específicos, como  o curso “A arte de fotografar obras” – já em andamento, a atividade  direcionada para artistas teve as inscrições esgotadas em poucas horas – e um curso de formação de professores, educadores e artistas a ser ministrado pela escritora, educadora e curadora Valquíria Prates, com temática entrelaçada e em diálogo à proposta da Bienal Naïfs do Brasil 2020. Todas as ações, por enquanto online, da Bienal serão anunciadas periodicamente nos canais do Sesc Piracicaba no Facebook, Instagram e Twitter.

A lista completa de artistas selecionados para a Bienal Naïfs do Brasil 2020, bem como catálogos e informações de edições anteriores, podem ser conferidos em sescsp.org.br/bienalnaifs.

Processo de curadoria

Para Ana Avelar e Renata Felinto, os próprios trabalhos inscritos – foram 980 obras, de 520 artistas com idades entre 19 e 87 anos – deram a temperatura da pluralidade e da diversidade dessa produção de arte brasileira a qual chamamos naïf. De acordo com as curadoras, o processo de seleção de trabalhos partiu do critério da representatividade. Foram levadas em conta as regiões de onde provêm e atuam esses artistas, suas declarações étnico-raciais, suas faixas-etárias, os assuntos e as materialidades com as quais trabalham.

A 15ª edição da Bienal também vai homenagear Lélia Coelho Frota e Ana Mae Barbosa, mulheres intelectuais brasileiras que demonstraram em suas pesquisas a preocupação com o entendimento da pessoa artista e de sua produção de forma mais humana e plural; e Leda Catunda e Sonia Gomes, com obras que dialogam de forma pioneira com o universo que caracteriza a arte naïf. A mostra irá apresentar também o ateliê como um local de criação em suas múltiplas possibilidades trazendo fragmentos dos ateliês das artistas Carmela Pereira, Raquel Trindade e Sãnipã.

O título “Ideias para adiar o fim da arte”, que dá nome à 15ª edição da Bienal é uma referência direta às ideias de Ailton Krenak (1953) – pensador dedicado a refletir sobre o modelo de vida de populações originárias no território brasileiro em relação ao modelo capitalista ocidental – e de Arthur Danto (1924-2013) – pensador norte-americano interessado em revisar a concepção de arte no cenário contemporâneo ­–, uma aposta na convergência de narrativas dessemelhantes como um modo de estimular a formulação de novas epistemologias para a geração de conhecimento.

As curadoras

Ana Avelar é curadora da Casa Niemeyer e professora de Teoria, Crítica e História da Arte, na Universidade de Brasília – UnB. Entre os projetos curatoriais realizados na universidade, cabe destacar as mostras Brasília Extemporânea (coletiva na Casa Niemeyer, 2018); acaso a coisa a casa (2018), individual de Claudio Cretti; quando as formas de tornam relatos (coletiva na Casa da Cultura da América Latina – CAL/UnB, 2017), Serão performático (2017), do Grupo Empreza (na CAL/UnB). Também é curadora responsável pelo programa de residência artística OCA, na mesma universidade. Realizou curadorias em outros espaços tanto institucionais como independentes, entre eles: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte (CCBB-BH), Saracura (RJ) e Sesc Pompéia (SP). Participa regularmente como júri de prêmios nacionais, como Marcantonio Vilaça – do qual foi finalista em 2017 –, Pipa e Rumos Itaú Cultural. Em 2019, foi ganhadora do programa Intercâmbio de Curadores, promovido pela Associação Brasileira de Arte Contemporânea – ABACT em parceria com o Getty Research Institute. Recentemente, a mostra “Triangular: arte deste século”, sob sua curadoria junto de Gisele Lima, realizada na Casa Niemeyer, espaço da Universidade de Brasília, foi reconhecida como a melhor exposição coletiva do ano de 2019, em votação aberta ao público, promovida pela Revista Select.

Renata Felinto é doutora e mestra em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP e especialista em Curadoria e Educação em Museus pelo Museu de Arte Contemporânea da USP. Artista visual e professora adjunta de Teoria da Arte da URCA/CE na qual compôs o Comitê de Pesquisa Científica, foi coordenadora do Curso de Licenciatura em Artes Visuais e do subprojeto PIBID do mesmo curso. Realizou trabalhos na Pinacoteca do Estado de São Paulo, Instituto Itaú Cultural, Centro Cultural São Paulo, SESC, SESI/FIESP, dentre outros espaços. Compôs o conselho editorial da revista O Menelick 2º ato e é membro da Comissão Científica do Congresso CSO da Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Coordenou o Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil. Nos últimos anos, participou das exposições FIAC/ França 2017, Negros Indícios, na Caixa Cultural/SP, Diálogos Ausentes, no Itaú Cultural e no Galpão Bela Maré no RJ e, por fim, de Histórias Afro-Atlânticas no Instituto Tomie Ohtake. A arte produzida por mulheres e homens negrodescendentes tem sido seu principal tema de pesquisa.

A Bienal

Originada das mostras anuais realizadas pelo Sesc Piracicaba de 1986 a 1991, a Bienal Näifs do Brasil teve sua primeira edição em 1992 na mesma cidade. Desde então, consolidou-se como uma referência para aqueles que possuem algum vínculo com sua proposta. Atualmente, a seleção dos artistas participantes ocorre via convocatória aberta, bem como por convite, a partir da formação de uma comissão composta por curadores, artistas e pesquisadores. Seus principais objetivos são incentivar a produção artística popular e oferecer espaços para sua apreciação, além de estimular o pensamento crítico a seu respeito.

Naïf é um termo de origem francesa, derivado do latim nativus. Sugere algo natural, ingênuo, espontâneo, tendo sido utilizado originalmente no campo das artes para descrever a pintura e as propostas do artista modernista francês Henri Rousseau (1844-1910). A adoção do termo pela Bienal, no plural e desvinculado da palavra “arte”, evidencia seu foco no artista e em suas manifestações diversas e múltiplas, deixando em aberto os possíveis significados e características do que é ser naïf.

Acesse: sescsp.org.br/bienalnaifs

( Detalhe da tela “Cotidiano II”, de Alexandra Adamoli | Foto: Paulo Parra Munhoz)

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