Neste dia 1 de agosto, dia em que nossa Piracicaba completa os seus 254 anos, eu não poderia deixar de lembrar que a minha história de vida e de pessoa pública, história de militante, de mulher, de integrante orgulhosa e devota ao Partido dos Trabalhadores – a nossa história, portanto, companheiros e companheiras – história de luta, de batalhas e de conquistas se mistura e se irmana à história da própria cidade de Piracicaba.
Cheguei a Piracicaba ainda criança – vinda da distante e saudosa Paraíba. Levada pelas mãos de meu pai e minha mãe, e tendo meu irmão e minha irmã também ao meu lado, uni minha vida à vida desta cidade. Aqui cresci. Menina pobre que fui, conheci no corpo e na alma a crueza da vida dos que nada possuem de bens materiais, dos que quase nada levam consigo de valores monetários – mas que se sabem ricos da certeza de que é preciso resistir, de que é preciso lutar para sobreviver e para mudar o mundo.
Conheci, de pequena, o que há de mais chão nesta cidade – sua roça, seu canavial, sua gente trabalhadora e guerreira que viveu e vive na lida das fazendas e das usinas de açúcar do município. Da colônia da antiga Costa Pinto, onde vivi minha infância, ao mundo urbano de uma Piracicaba que – como eu – também crescia e se desenvolvia, lidei em outros campos, em outras casas, em tantos e tantos trabalhos. Fui faxineira. Fui trabalhadora doméstica. Fui balconista e confeiteira de padaria. Fui metalúrgica na Dedini – e ali comecei também a minha vida sindical e política. Dentro de mim, sempre, Piracicaba! Dentro de mim, meu sonho de cidade, de ajudar a melhorar a vida de todos e todas. “Amar e mudar as coisas”, com cantou o cearense poeta-cantor Belchior, foi também sempre o meu próprio lema.
Enquanto me misturava cada vez mais a Piracicaba, aqui em trabalhava, aqui eu lutava, aqui e estudava e crescia em consciência política e cidadã. Na Universidade Metodista (Unimep) me formei – primeiro em Ciências, depois em Direito. Na convulsão social que tomava conta do país durante os anos de chumbo da ditadura, estava eu em Piracicaba, em suas ruas, sendo a primeira mulher a fazer greve junto aos companheiros do Sindicato dos Metalúrgicos. Se conheci o chão de terra das fazendas e usinas da cidade, se conheci o chão das fábricas de metalurgia do município, conheci também o chão das ruas da urbe por onde bradávamos por direitos – já nos longínquos idos dos anos oitenta.
Por Piracicaba e para Piracicaba, me elegi, então, vereadora por duas vezes. Na Câmara, pude lutar – ao lado de tantos nobres colegas – em demandas que são hoje parte da histórica dessa Casa de Leis. E, nesse sentido, jamais deixei de lado o foco no desenvolvimento da cidade para que, acima de tudo, seus cidadãos e cidadãs pudessem (e possam) ter e fazer valer seus direitos. Lutando pela cidade, lutei pelas mulheres, pelos metalúrgicos que eu representava, pelas pessoas menos favorecidas e por todos e todas que padeciam de todo tipo de apoio, de auxílio e de suporte – assim como eu, um dia, também padeci.
Depois de um pequeno hiato em que vivi e trabalhei em Brasília, voltei a Piracicaba como quem volta em definitivo para o lugar em que está a sua alma. Em 2016, regressando ao chão piracicabano, me sentindo mais piracicabana do que nunca, reconhecendo aqui cada cheiro, cada cor, cada som, cada murmurar de nosso Rio Piracicaba – e retomei minha luta política em Piracicaba tendo em vista o mesmo desejo de sempre: “amar e mudar as coisas” por nossa cidade e por nossa gente.
Por isso, de volta à Câmara de Vereadores neste ano em que Piracicaba completa seus 254 anos, mais do que nunca me reconheço unida à história da cidade, mais do que nunca reconheço o meu amor por este município e por seus cidadãos e cidadãs. E, mais do que nunca, percebo e entendo que a minha luta – de ontem e de hoje – é e sempre foi para e por Piracicaba, sendo assim eu – inegavelmente – parte da história dela. E quantos paraibanos e paraibanas, quantos nordestinos e nordestinas, migrantes de tantos rincões do Brasil e do mundo igualmente também reconhecem hoje, Piracicaba, que a luta deles é, como a minha, parte fundamental da história deste município.
Obrigado, Piracicaba. Parabéns pelos seus 254 anos!
Seguimos sempre, juntos e juntas.
Sua história é nossa luta!
Rai de Almeida é vereadora.
(Foto de capa: Carol Castilho)
Rai que lindo texto, sua história escrita com amor e força junto com a da nossa Pira.
É minha querida maninha foi e é luta sobre luta. Mas aos poucos conquistando seu ideais. Conheço bem sua história de luta. Vc é guerreira batalhadora e sonha por um mundo menos cruel.
Parabéns pelo seu relato , muitos Piracicabanos te admiram. E eu tbm te admiro muito.
Você ja é uma grande vitoriosa. Bjos no fundo do seu coração.
Rai, mulher de espirito guerreiro alimentado por sua prática de vida, no combate às injustiças, buscando na sua prática política, a melhoria dos menos favorecidos. Como você, muitos piracicabanos cresceram com a cidade e viram também crescerem as desigualdades, portanto apoiam as causas pelas quais você luta. Parabéns a você também.
Que lindo esse artigo Rai. Me emocionei por vezes fazendo a leitura. Por conhecer sua luta e por ser filho de paraibanos, que chegaram em Piracicaba no final da década de 70 e passaram também por muitas dificuldades. Com certeza sua história estará para sempre ligada a história de nossa Piracicaba. Orgulho de ter você como vereadora pelo Partido dos Trabalhadores!! Parabéns, força e todo apoio!!!
As mensagens elogiosas deixadas aqui só nos encorajam, ainda mais, para continuarmos na luta por uma sociedade na qual a igualdade de direitos sociais, políticos, culturais, econômicos sejam garantidos. Gratidão a todas, todos, todes! Estamos Junt@s!