O Brasil começa a erguer sua voz em defesa da vida, pela democracia e pelos direitos de cidadania, rejeitando o programa neofascista e neoliberal. O que se coloca em pauta no país é a disputa por uma concepção política, por um projeto de sociedade. Para que os objetivos da luta não sejam desviados, torna-se fundamental definir bem o que significa cada um dos termos que se coloca em debate, mobilizando o país.
A defesa da vida é sempre o ponto fundamental da luta política. Hoje defender a vida significa garantir acesso à vacina, imunizando a população. O país carece de uma política de saúde efetiva que enfrente, de maneira adequada e com eficiência, a grave pandemia de covid-19. Defender a vida representa ainda uma política agroecológica, que combate a fome, assegurando o direito à alimentação.
A dimensão da democracia articula-se diretamente com os direitos de cidadania. A democracia não pode ser um conceito meramente formal e abstrato. Democracia pressupõe uma sociedade livre, mas também com plenos direitos. As profundas desigualdades sociais, que produzem pobreza e exclusão, além de ser uma violência contra as condições materiais de vida, consubstanciam-se também como uma violação aos princípios democráticos. A luta é pela construção de uma democracia de alta intensidade, com plena participação popular.
O termo neofascismo quer designar uma séria de práticas políticas autoritárias, ditatoriais e totalitárias, que se levantam contra a democracia e os direitos de cidadania. O neofascismo impõe uma dinâmica de poder pautada na opressão e repressão, negando toda forma de participação popular e também as expressões culturais mais genuínas. É a face de um poder político conservador e reacionário, que se manifesta em formas de controle e dominação sociais.
O neoliberalismo consiste no modelo econômico que privilegia as relações de mercado, em uma lógica de Estado mínimo, que não se compromete com a garantia dos direitos de cidadania. Na lógica neoliberal, o mercado, livre de qualquer regulamentação estatal, seria regido apenas pela lei da concorrência, trazendo oportunidades sociais a partir do princípio da meritocracia.
O Brasil se levanta, nas ruas, nas redes, mobilizado, com as bandeiras políticas em punho, com a força dos partidos de esquerda, com a cor vermelha de tantas resistências, na luta em prol da justiça social, da democracia, da dignidade da vida, dos direitos de cidadania e contra o neofascismo e o programa excludente do mercado ultraliberal. É preciso agora construir um amplo movimento político, capaz de devolver o país ao seu povo.
Adelino Francisco de Oliveira é doutor em Filosofia, mestre em Ciências da Religião e professor no Instituto Federal, campus Piracicaba.