– Ô, moço! Você sabe onde fica a escola municipal?
– Escola? Sei não, dona…
– Então sabe dizer onde fica o bar do seu João?
– O bar du seu Jão?
– Isso mesmo.
– I o qui a sinhora quer com o seu João, dona? O hômi é casadu, heim…
– Eu não quero nada com o seu João, meu amigo. Eu quero é chegar à escola municipal que fica em frente ao bar dele. Entendeu? O senhor sabe onde é que fica esse bar?
– Sei não, dona…
– Então pelo menos o moço sabe onde é a casa do prefeito – não sabe?
– A sinhora tá di ôio no prefeito tamém é, dona? Piorô! Óia qui a muié deli é bicho feio, viu! É o chifrudu em peli e ossu.
– E eu lá quero saber do prefeito e da mulher dele, meu filho…
– Intão purque que perguntô deli si não tá interessada nu hómi?
– Porque eu preciso chegar o quanto antes à escola municipal, que fica em frente ao bar do seu João, ao lado da casa do prefeito e perto da delegacia – oras!
– Sei…
– Olha aqui, rapaz, deixe de parangolés e me diga, por gentileza, onde é que o prefeito mora.
– Possu dizê não, dona…
– E por que não, meu filho?
– É purque eu não sei ondi ele mora, dona. Só pur issu…
– E a delegacia?
– Qui é qui tem a delegacia?
– O senhor sabe dela?
– Sei só qui é um lugar cheiu de hómi, né dona?
– E o moço sabe onde ela fica?
– Sei não, dona…
– Poxa! Você não conhece nada por aqui!
– E eu lá ficu de ôio na vida dus otro, dona…
– Imagino que não… Mas o motel mais próximo eu aposto que o moço sabe dizer onde fica, não é?
– O moter? Esse eu sei sim, dona. Mai a essa hora ele deve de tá fechadu…
————–
* Crônica em homenagem à escritora e contadora de histórias, Carmelina de Toledo Piza – figura que, de certa forma, protagonizou o ocorrido…
O Autor:
Alê Bragion é pesquisador dos estudos literários e editor do Diário do Engenho
Gostei muito da Crônica!
Ao mesmo tempo que alegrou o início desta 6ª feira, me trouxe certa “preocupação”…
Será que não vão achar que, tal qual a autora de um livro muito comentado nestas últimas semanas, o desta crônica não poderá ser “condenado” por induzir a maneiras incorretas de ortografia, gramática, etc.? Será que o “mau exemplo” de Guimarães Rosa resolveu se revelar novamente nos tempos atuais?
Que será, será???
Queiram, por favor, me perdoar pela ironia.
Parabéns Alexandre!
Sempre grato, PS
kkkkk Ótima crônica, Alê! Não é à toa que a Carmelina tem muita história pra contar. Beijos pra vocês dois!
Olá, Alê:
Muito elogiável seu dinamismo pelas tantas atividades em que está implicado (olha o Falando da Vida chegando).
Seus escritos, sempre muito bons, já se fazem maduros para serem publicados.
Um grande abraço
Newman
Também estou rindo aqui. Gostei muito. Parabéns!
Adorei a crônica, Alê hahaha! Já estava com saudades das suas palavras por aqui. Beijo grande. Au revoir 🙂
Sua crônica nos possibilita um espaço de tempo especial…
Esteja bem!
hehehehe linda cronica Alê !!!
E ao terminar de ler e ver sua dedicatória prá essa mulher maravilhosa …
Carmelina , tudo o que pude escutar foi um sorriso ….ou uma tremenda gargalhada de criança rsrsrsrsr
Beijus pros dois !
Sucesso sempre Alê!
rs…rs… Adorei, Ale!
Home, qui texto pra lá de bão! Parabein pelo jeitão cum as palavra.
Bejão.
Oi alê!
Adorei a crônica, estou rindo até agora! rsrs
Um bjo enorme, bom fds!