O que há para se festejar nesta data?
Piracicaba está em festa! Parabéns! No aniversário da cidade, 201 é o número oficial de mortos pelo Coronavírus. E a festa não para por aí! São mais de 7830 infectados! E, para celebrar essa conquista, a prefeitura vem questionando ao governo do estado para que mude, no chamado Plano São Paulo, a classificação atual da cidade da faixa vermelha para a laranja – o que novamente faria que o comércio pudesse abrir as suas portas para o ávido público piracicabano comprar, comprar e comprar. Viva! Feliz aniversário!
Para além da ironia, não há em definitivo o que comemorar na data de hoje em Piracicaba. Infelizmente. A hipocrisia da festa pelo aniversário da cidade esconde os assombros que temos diariamente ao analisarmos a realidade da mítica Noiva da Colina. A crise sanitária deflagrada pela pandemia da Covid-19 apenas acentuou os graves problemas que a gestão política dos sucessivos governos tucanos impuseram aos piracicabanos em tantas áreas.
Vergonhosa tem sido também a participação de “elite” piracicabana, apoiando em carreata mortal a abertura desordenada das lojas do comércio em plena pandemia. Vergonhosa e burra atuação – pois, além de colocar em risco à população, a abertura antecipada e desordenada do comércio fez aumentar em muito o contágio, o número de infectados e mortos na cidade, além de (é óbvio!) retardar sobremaneira uma melhoria nas condições locais de combate ao vírus e uma possível reabertura segura das lojas. Parabéns, Piracicaba! Parabéns, piracicabanos! 201 mortos!
Quem quer celebrar hoje o aniversário da cidade tem de saber como está a condição de vida de sua comunidade. Como estão sendo assistidos os bairros periféricos do município? Quais ações aconteciam neles – mesmo antes da pandemia – semanalmente, diariamente, na área da educação, da saúde, da cultura? E mais: como celebrar o aniversário de uma cidade que assistiu quase calada a prefeitura despejar uma comunidade inteira de uma ocupação em plena pandemia – literalmente jogando na rua pessoas que absolutamente não possuíam qualquer tipo de recurso para sua sobrevivência. Viva, Piracicaba! (Ou: basta de hipocrisia!)
Por isso, este Diário se recusa a celebrar o aniversário de Piracicaba nessas condições – uma vez que não há o que ser celebrado neste momento. A incredulidade da população piracicabana diante da crise estabelecida pela pandemia não pode encontrar eco nas autoridades locais. É um absurdo que aos autoridades piracicabanas conduzam este momento sob a égide do obscurantismo, criando um “clima” festivo, como se nada de grave estivesse acontecendo e dando a impressão de que a situação está sob controle. Não! Nada em Piracicaba está sob controle!
Não festejemos a data de hoje. Respeitemos os mortos. Silenciemos em homenagem a eles – esquecidos que foram pelo poder público, renegados que são pela própria população piracicabana.
Editoria Diário do Engenho.
Triste! Muito triste. Fazer festa com tantas mortes, sinceramente, não dá! Piracicaba se encontra de LUTO no dia que completa 253 anos – 01/08/2020. Mas essas mortes poderiam ter sido evitadas, se o prefeito tivesse adotada as medidas corretas, no entanto, ele preferiu menosprezar a vida e optou por valorizar o capital! Que triste isso!