Omnes Similes Sumus

Omnes Similes Sumus

Dias atrás, ouvi uma frase muito instigadora de uma amiga – ela julgou que estava como um zumbi de “Thriller” cantando “Beat it”, de Michael Jackson. Estranho, vindo dela que lembra Ariel, ou mesmo Merida, e nunca, nunca um zumbi!

Certamente passamos por isso, o olhar do outro sobre nós pesa mais para nossos critérios do que a alteridade julga de fato. Contudo, ainda que inseridos nesses conceitos melhor discutidos por Buber, Levinas e Dussel, vem outra questão, envolvendo Vícios e Virtudes: fazer o bem sem olhar para quem, é legal, imoral, ou engorda? Não é bem assim…

No sentido socrático, a Virtude deve brotar da alma do sujeito, de modo inato. Para Aristóteles, esse processo não é inato, antes é fruto da prática, do exercício, da autonomia racional, das nossas escolhas, e do hábito de praticar boas ações, ainda que não seja nosso desejo. Kant é mais enfático: é o indivíduo que decide, que impõe a si mesmo uma moral, o “dever” agir pelo “respeito ao dever” em qualquer situação, em respeito e ação dirigida para toda e qualquer pessoa. Stuart Mill é mais pragmático, considerando toda ação moral como carro, instrumento útil em busca da felicidade, individual e coletiva, para si e para o maior número de pessoas ao seu redor. Já para Gerson…

A música praticada em conjunto tem esse efeito de proporcionar a felicidade estética para quem assiste, a assembleia, e para quem executa, os musicistas. Quer vocal ou instrumental, a prática em conjunto é ambiente mais democrático que a própria concepção política. É o campo onde se exercitam os diversos conceitos de Virtude, de Moral, de fuga dos Vícios.

Sendo pragmático, fazer ou apreciar música nos leva à busca da “Lapis Philosopharum”, ao aperfeiçoamento do ser humano, independente do seu gênero ou escolhas. Daí não sermos como zumbis, antes, como extasiados diante do Belo, diante daquilo que representa as Virtudes. Somos zumbis se nossas escolhas musicais refletem que “tá cada vez mais down no high society”.

Alô, marcianos!

Já viram que entre os terráqueos ninguém é igual a ninguém, mesmo sendo todos iguais, e tão desiguais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Antonio Pessotti é músico, doutor pela Universidade de Campinas (Unicamp), pesquisador colaborador do Laboratório de Fonética e Psicolinguística (IEL – Unicamp) e professor de Canto e História da Música na Escola de Música Maestro Ernst Mahle (EMPEM).

2 thoughts on “Omnes Similes Sumus

  1. Caminhar à ConsCiência, em Gratidão!!! Acordar… despertar ao compromissar, Pará Béns…Antonio Carlos, em Compartilhar competência…!!!

  2. Excelente texto, mestre Antonio Pessotti. Gratidão pela generosidade de nos fazer refletir sobre a vida e como devemos, ou deveríamos, vivê-la.

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