Acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz.
– Campanha da Fraternidade 2013, Texto-Base.
Convocada por João Paulo II, a primeira Jornada Mundial da Juventude (JMJ) teve lugar em 1986, em Roma. No ano seguinte, em 1987, já com projeção, perspectiva mundial, a Jornada Mundial da Juventude foi organizada fora de Roma, na cidade de Buenos Aires, na Argentina. Não deixa de resguardar uma dimensão simbólica e interessante que a Jornada Mundial da Juventude, sob o papado de Francisco, seja justamente realizada na América Latina, em solo brasileiro.
A Jornada Mundial da Juventude quer explicitar, evidenciar o cuidado pastoral da Igreja para com os jovens, que são chamados a se reunirem como comunidade de fiéis, suplantando todas as diferenças, sejam elas étnicas, culturais, sociais, políticas. No decurso da peregrinação dos símbolos da Jornada – Cruz peregrina e ícone de Nossa Senhora –, como preparação para o encontro mundial com o Papa, a juventude católica teve oportunidade de reafirmar o compromisso de seguir os passos de Jesus Cristo, o Divino Salvador. Oriundos de todas as partes do mundo, os jovens são convidados a proclamarem, em um encontro especial com o Papa, a atualidade e contundência da mensagem cristã.
Em uma sociedade estagnada, perplexa, carente de utopias políticas e sociais, a Jornada Mundial da Juventude deve ecoar e reluzir como um contundente sinal de contradição, a afirmar as possibilidades de um mundo, de fato, fraterno, sedimentado na justiça social, na igualdade entre todos. Os jovens, tomados pelo espírito de unidade da JMJ, devem manifestar a aurora, o devir de um novo tempo, capaz de suplantar toda a lógica de indiferença e injustiça. A fecunda experiência da Jornada Mundial da Juventude pode fazer aflorar, sobretudo no coração do jovem, o anseio por novos tempos, novas possibilidades de existência, novas relações.
É importante e sugestivo que o primeiro compromisso internacional de Papa Francisco seja justamente se encontrar com os jovens, acolhidos pela Igreja no Brasil. Em meio a um ambiente de celebração festiva, há uma pauta de questões, atinentes à realidade juvenil, que toca profundamente à missão da Igreja. Os movimentos das ruas – ligados à propagação de mensagem de mudança e encontro –, recentemente notados no Brasil, demarcam a inquietação do jovem, sua inclinação para questionar, propor transformações, conclamar por um mundo capaz de garantir seus direitos e acolhê-lo com dignidade.
A agenda da juventude está aberta, remetendo a temas delicados e urgentes. No mundo inteiro e, particularmente no Brasil, o jovem sofre, carregando o fardo do desemprego, do trabalho precarizado, da violência, do fascínio das drogas, das ilusões do consumismo etc. Os meios de comunicação, ao mesmo tempo em que exaltam a juventude como fase ideal da existência, mobilizam a sociedade contra o jovem, impondo uma pauta em prol da redução da maioridade penal, da legalização das drogas, do desprezo a princípios basilares da própria civilização.
A Jornada Mundial da Juventude deve ultrapassar a dimensão de um mero evento, constituindo-se como um autêntico programa, um genuíno projeto de vida, capaz de revigorar na juventude – e em todos os cristãos – o profundo, legítimo anseio pelo seguimento, vivência radical da mensagem de Jesus. É fundamental que os jovens, reunidos no Rio de Janeiro, possam testemunhar, com coragem e ousadia, a contemporaneidade da ética cristã.
O Papa chega ao Brasil no momento singular em que jovens se articulam, via redes sociais, nos movimentos a revindicarem uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária. Francisco, em seu ainda início de pontificado, tem demonstrado grande sensibilidade para as graves, urgentes questões do contemporâneo. Que a presença de Papa Francisco seja sinal evidente de unidade entre os jovens, chamando, radiando forças em prol de um novo tempo, lugar da esperança, da fé, a afirmar a Boa Nova do sonho, projeto cristão.
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Adelino Francisco de Oliveira é filósofo, teólogo e doutor em Filosofia pela Universidade Católica de Braga – Portugal.
Gostei de suas reflexões, professor Adelino.
Agora é pedir a Deus para que esse encontro se direcione para que as mentes dos jovens sintam sua responsabilidade de agentes transformadores da sociedade com base na justiça, na fraternidade, no amor. Justiça que não julga e condena baseada no rancor e interesses excusos, e a tão sonhada justiça social; a fraternidade que une sem preconceitos; o amor do Cristo, incondicional que acolhe na plenitude da paz.
Obrigada, professor.
Estimada Zilma,
Agradeço pela possibilidade de interlocução. A Jornada Mundial da Juventude deve avançar para além de um mero evento festivo, tornando-se um programa de ações em prol de uma sociedade mais justa e fraterna.
Esteja bem!
Mas que excelente qualidade encontrei nos posts muito bem elaborados desse blog. Admiro a nobreza que você coloca no seu trabalho. Já favoritei seu blog e irei segui-lo daqui em diante.
não há paz sem a guerra, a muito tempo a sociedade Cristã moderna vem aumentando a tolerância e aceitando o duvidoso como certo, como resultado temos a destruição dos princípios basilares, aprendi na escola que mesmo fazendo a SOMA de números negativos teremos sempre como resultado um maior défice, assim agrupar pessoas de poucos valores e princípios teremos como resultado uma maior ausência dos mesmos. A JMJ chega tarde, nossa sociedade esta corrompida, os valores Cristãos ridicularizados, os princípios basilares banalizados, grupos como os representados pelo Sr Jean Willis que disseminam a ridicularização e banalização dos princípios Cristãos estão dominando o controle da sociedade, através das mídias, impressas, televisivas, etc,
as vezes acredito que os muçulmanos tem atitudes mais corretas que as dos Cristãos, pois eles identificam e rotulam seus inimigos e os combatem, enquanto nós Cristão exercitamos a tolerância e somos abatidos sem sequer dar um suspiro.
Que Francisco consiga avivar os sentimentos Cristãos e ajudar na preservação do que restou dos princípios basilares, se é que ainda existem!