Para nós era o Campo do XV, para a imprensa era o Estádio Roberto Gomes
Pedrosa. Ficava localizado à Rua Regente Feijó, entre a Governador Pedro de
Toledo e a Santo Antônio – fazendo fundos com a Rua Monsenhor Rosa. Ali, eu vi
os maiores nomes do Futebol brasileiro, a menos de dez metros
de distância, cara a cara no alambrado.
O Santos do rei Pelé e do piracicabano Coutinho, a Academia que tinha
como símbolo o Periquito e não o porco, o Tricolor do Morumbi, o
Corinthians Paulista – sem esquecer-se da Portuguesa Santista (leão do
macuco), o Jabaquara, a Ferroviária e outros grandes orgulhos do interior
que desapareceram do futebol paulista por insolvência ou má administração.
Para entrar no campo nós vendíamos sorvete (Kibon), paçoca ou amendoim
torrado – era uma forma de ganhar dinheiro e ver de perto os grandes ídolos
do futebol. Quando não conseguíamos vender nada, nós batíamos na porta da casa
do seu Vergílio (zelador do campo), e quando não éramos atendidos nós
escalávamos o muro da Rua Santo Antônio, no qual havia buracos nos quais
encaixávamos os dedos das mãos e dos pés.
Na Rua Regente, embaixo do estádio, existia um restaurante que tinha a
comida mais saborosa da cidade – e era onde os jogadores e o público podiam
almoçar tranquilamente –, era o restaurante de Sebastião Sergio (o popular
Colega), funcionário do XV que ajudava em todas as categorias do glorioso.
Todos os anos, em seu aniversário, o “Colega” fazia uma feijoada que era
servida a todos quinzistas e amigos. Quando ele vendeu o restaurante, a
feijoada continuou sendo servida na Vila Bachi, onde ele passou a residir.
Ela começava às 10h30 da manhã e estendia-se até o final da tarde. Todos que
chegavam cumprimentavam o aniversariante e depois saboreavam sua feijoada.
Por lá desfilavam jogadores, diretores, atletas do Basquete, torcedores,
torcedoras e admiradores da comida de Sebastião Sergio.
Assim é o futebol: imagens, ícones e lembranças coletivas que
são fortes o suficiente para permanecerem na memória de quem as vivenciou.
———————-
João Carlos Teixeira Gonçalves é professor dos cursos de Comunicação da
UNIMEP, memorialista e consultor de Comunicação & Marketing em empresas.
Texto publicado originalmente em A Tribuna Piracicabana, em 04 de dezembro de 2014.
IMAGEM: Acervo Santista (acervosantista.com.br)
Ola Caro João Carlos
Vivi também muito esse ambiente.
Fui até jogador do XV nas equipes do “Dente de leite” , “Infantil” e “Juvenil” e aos 17 anos desisti do futebol porque a cigana que tinha me dito que eu seria grande jogador de futebol disse-me um dia que ela tinha se enganado no prognostico ….kkk
Peço sua ajuda no sentido de saber se ainda vive o treinado do dente de leite do XV de apelido DELÉM. Lembra dele?
abraço
gilmar.bertoloti@uol.com.br