O Brasil precisa e quer paz

O Brasil precisa e quer paz

O título deste artigo já diz tudo, todavia vamos qualificá-lo em breves palavras.

A paz que tanto almejamos é necessária para podermos enxergar o futuro e termos tranquilidade para construí-lo, na perspectiva de garantir melhores condições de vida para nossos filhos, para nossos netos e para as gerações futuras.

O Brasil tem grandes possibilidades de ter um futuro melhor, eis que se trata de um país mega-diverso, não apenas considerando a riqueza extraordinária que temos em nossa natureza privilegiada – vide a biodiversidade, vide o pré-sal, vide os minerais estratégicos, vide o potencial fotovoltaico e eólico – mas, sobretudo, a riqueza representada pela criatividade, garra e espírito empreendedor do nosso povo. E o que dizer da cultura popular, das mais festejadas e admiradas no mundo todo, pela qualidade excepcional inerente ao talento criativo dos nossos artistas e também pela diversidade?

Nas estatísticas oficiais do mundo, o Brasil está entre as dez nações mais ricas, considerando o tamanho do Produto Interno Bruto.

Contudo, somos um país que ostenta os piores indicadores de desigualdades sociais do planeta e temos milhões de miseráveis, analfabetos e desassistidos na base da pirâmide social, compondo um quadro desalentador e cruel. Esse quadro não é fruto do acaso ou de um opção divina, mas da prevalência histórica de um regime econômico e social de opressão imposto pelas elites egoístas e atrasadas, que se iniciou no Brasil-Colônia, passou pelo Império e pelo escravismo e atravessou o período republicano até os dias de hoje. Herdamos e mantivemos, de forma dissimulada, a díade Casa Grande e Senzala.

A paz que se proclama não é a paz dos cemitérios. A opressão e a pobreza crônica não irão desaparecer se nos mantivermos inertes e calados, assistindo a banda passar. Se não agirmos na busca de um projeto de nação, que tenha como padrão de desenvolvimento o caráter inclusivo, democrático e ambientalmente sustentável, estaremos condenando a maioria sofrida do nosso povo a manter-se oprimida e desassistida, vagando em direção a um futuro incerto.

É impossível alcançarmos esse padrão de desenvolvimento sem o protagonismo do Estado. Contudo, não é o Estado oligárquico como o brasileiro que fará a diferença e sim o Estado democrático, permeável, transparente e submetido ao controle social. Por essa razão, a reforma do Estado brasileiro é um imperativo inegociável na atual quadra histórica para sairmos da crise e podermos vislumbrar o futuro com otimismo.

O conceito de paz que aqui se propõe é, portanto, o da busca incessante pelo aperfeiçoamento do processo democrático, no sentido do triunfo da soberania popular como instrumento para a solução dos conflitos e para o alcance de um futuro de progresso e de melhores condições de vida para o nosso povo.

A disputa polarizada no atual processo eleitoral evidencia qual proposta proclama a paz, na sua equivalência com a democracia. E qual a que proclama a violência e o medo, na sua equivalência com o autoritarismo.

A primeira proposta almeja um país mais justo; a segunda, a sórdida permanência da desigualdade e da opressão.

A primeira proposta coesiona a Nação e impulsiona os brasileiros e brasileiras na busca pelo bem viver; a segunda divide e enfraquece a Nação, prolongando o pessimismo e a desesperança no seio do povo.


José Machado (PT) foi prefeito de Piracicaba por duas gestões.

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