Nem uma nem outra – por Fernanda Rosolem

Uma gostava de estar entre amigos – a outra, de estar entre livros. No boteco da esquina, entre um gole e outro, risadas e histórias. No andar de cima, entre uma página e outra, risadas, lágrimas e histórias.

Uma era psicanalista – a outra, psicanalizada. Uma pensava sobre a vida – a outra pensava com a vida. Porém, apesar das vidas tão distintas, não haveria maior semelhança se não a disposição para fazerem o que tinha de ser feito, dando o melhor de si.

Ao chegarem ao trabalho, as pilhas de papéis preenchiam toda a superfície da mesa. Não era preciso pedir ou pensar duas vezes para que começassem a desempenhar as funções que lhes foram designadas.

O dia todo fora atarefado. Contudo, na volta para a casa, ainda havia disposição para se fazer tudo o que havia de ser feito. O copo de cerveja esperava por uma – o vinho e o bom livro pela outra.

Alguns diziam preferir a do boteco – outros, a da biblioteca. Outros ainda, nem uma nem outra, mas faziam o que tinha de ser feito.

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Fernanda Rosolem é jornalista, pedagoga e música.

 

 

 

 

 

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4 thoughts on “Nem uma nem outra – por Fernanda Rosolem

  1. Muito bom, Fernanda! Precisamos perceber que, independentemente das diversas maneiras de tocar a vida, todos nós fazemos o melhor possível. Beijos!

  2. Que delícia ler seus textos, tão ricamente concisos!
    Tenho uma inveja… Preciso de muito mais palavras. kkkkk
    Tem sido sempre uma alegria compartilhar seus textos.
    Beijos.

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