Natal – por Erico Bisson

Natal – por Erico Bisson

DSC02696Natal: há muito tempo, uma data introspectiva. Ao contrário do que fora na infância, quando era um tempo de encontro, quando a grande mesa da sala tornava-se duas vezes maior, palco de partidas de ping-pong (eu, meus irmãos e primas torcíamos para atrasar o almoço, assim tínhamos mais tempo para jogar). Hoje, os núcleos familiares são outros; e é difícil achar uma bolinha de ping-pong – e uma sala onde caiba a mesa, então…

O Natal começou a deixar de ser um dia para passa a ser um tempo em que com maior ou menor intensidade entramos em balanço. Alguns nem conseguem mais isso, o tempo de Natal passou a ser uma gincana na qual vamos ticando cada tarefa cumprida: as compras, a ceia – cada vez mais curta, pois os bares e baladas começam a funcionar a partir da uma hora e antes disso é preciso postar no Face as fotos da mesa com todo mundo. No dia 25, é o almoçar rápido com o outro lado da família, partir para uma viagem (sabe-se lá para onde), várias tarefas a cumprir…

natal enfeiteOs jovens de hoje têm, no entanto, parecem ter ainda menos sorte ainda do que os de outros tempos, pois nem conseguiram viver algo dos bons tempos do Natal. Hoje, os bons momentos ficam guardados eternamente em uma memória de algum dispositivo. Ao contrário disso, deveríamos usar o tempo natalino para ponderar, parar um pouco – pelo menos sentir os aromas de Natal, suas Luzes, sons.

Sinto muita angústia na manhã do dia primeiro, ao ver sempre um andarilho, um catador de papelão, talvez contabilizando seu prejuízo, pois dia 31 poucos trabalharam e as caixas vazias nas frentes das lojas são raras. Talvez para ele o Ano Novo já esteja velho. Esse, por uma série de fatores, passa por isso; mas qual a diferença na essência das nossas correrias da gincana de Natal?

O prejuízo emocional é mais difícil de recuperar que o financeiro. Claro, sei que ainda tem muitos que curtem intensamente o Natal. Por amor ao próximo, continuem! Pois se vocês também pararem, nosso ano será um círculo contínuo, girando cada vez mais rápido, com o centro vazio e em velocidade expelindo alguém para fora ou para o centro.

Nem que seja só no Natal, vamos parar, vamos telefonar para as pessoas. Evitem mensagens para grupos. Quem deve receber uma mensagem é uma pessoa, com particularidades e expectativas. Use suas férias, telefone, converse particularmente, conheça as particularidades e expectativas de cada um.

Afinal, num dado momento, você ou ele, eu, meus irmãos e primas, todos seremos lembrança de alguém. Então, que pelo menos que sejamos uma boa saudade.

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Erico

 

 

 

 

 

Erico Bisson é advogado e comerciante.

 

5 thoughts on “Natal – por Erico Bisson

  1. Parabéns pelo texto meu grande amigo Érico. Falou tudo! Para muitos, o Natal de hoje é puro comércio, se esqueceram do significado.
    E como é gostoso a família reunida numa noite e num dia de Natal.
    Um grande abraço e feliz Natal

  2. Duas satisfações. A primeira, de ver no Diário do Engenho, a notável obra jornalistica do Alexandre Bragion. A segunda, de poder sentir a amplitude do texto do Érico. Lembro-me e amplio o que disse o poeta, em música: “Se todos fossem no mundo iguais a vocês?”

    1. Grande advogado, grande homem e bom amigo Adalberto Barrichello. A satisfação é minha em poder ser lido por você! Obrigado pela visita ao nosso site. O espaço também é seu. Quando quiser, escreva para gente. Abraço!

  3. Erico…., parabéns pelo texto, felizmente a data do “Natal” para nós sempre nos remete ao período de infância, quando éramos crianças e o que valia realmente eram os sentimentos espontâneos do coração. Hoje, infelizmente sabemos e vemos varias outras finalidades para esta tão magnífica data, que foi e sempre será de auto avaliações no nosso dia a dia.
    Um Feliz Natal para todos!!!

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