Mulheres que Amamos

Mulheres que Amamos

É incrível como amamos algumas mulheres em Piracicaba. Há aquelas que reinventam a história, traçam caminhos alternativos, desenham mundos cheios de esperança e criação. São mulheres que alimentam os corações, desafiam a rotina e os poderes, lançam projetos que nos enchem de afeto!

Hoje, pretendo falar de uma mulher, artista, educadora, funcionária pública, trabalhadora, militante, mãe, avó e filha. Trata-se daquela que, na sua comunidade, na sua família, no seu espaço de trabalho, nas ruas, nos movimentos sociais, na cultura, transforma, recompõe trajetórias, inspira o desejo de um lugar, uma sociedade muito melhor, justa, acolhedora e tolerante.

O leitor e a leitora já devem imaginar a quem me refiro: Mayra Kristina Camargo! Aqueles e aquelas que reconhecem a vida, que adoram a pluralidade e a diversidade sabem o que esta mulher pode significar. Muitos e muitas de nós já ouvimos Mayra exibindo os talentos musicais, com sua voz doce e a energia peculiar de suas cordas vocais. Há muitos e muitas que já apreciaram suas competências cênicas. Intimidando padrões sempre odiosos, um dos papéis mais icônicos de Mayra esteve em Maria, mãe de Jesus, na Paixão de Cristo, do Grupo Teatral Guarantã, sob a direção de Marcos Thadeus.

Em um movimento de promover a democracia cultural na cidade, é importante destacar a liderança de Mayra na proposta do Cine Barranco. Sua coragem alavanca a possibilidade concreta de expansão da arte cinematográfica para as comunidades, jovens, mulheres e crianças, almejando uma ação militante que potencializa a democracia e o acesso aos direitos sociais e políticos daqueles que são alijados da riqueza cultural produzida socialmente.

E como não falar de seu espírito matriarcal, de sua capacidade de movimentar gerações, formar os jovens, de tecer os elos e valores que falam de sua mais intensa ancestralidade. Através dos olhos de Mayra, avistamos um lugar de muitos encontros, da liberdade, da dança, da música, do grito, dos atalhos que nos levam a resistir a toda opressão.

Seus pés tocam o chão com a força e a grandeza feminina, abrindo as estradas, uma rota para a vida, para a alegria, para o batuque que anima os sonhos, que revitaliza o corpo dos que sofrem. Sua mente é atenta para a luta, seu espírito é aguerrido e é livre para criar, pensar a arte, poesia, cantos paralelos que nos retiram do sofrimento e nos impingem a sonhar com uma cidade inclusiva, talhada no respeito absoluto ao direito e alteridade.

Conhecemos muito bem Mayra e queremos seus passos largos, sua capacidade de acolher e trazer todos os olhares para sua performance cotidiana, sua relevância no dia-a-dia politico e social das comunidades e de Piracicaba. Mayra, com uma competência tácita, dança, canta, batuca, discute pluralidade, as relações sociais, interpreta, trabalha, cuida, marca um jeito revolucionário de ser e agir! Estou certa de que bell hooks, aquela que inspirou o feminismo negro, caso tivesse conhecido Mayra Kristina, diria que ela é uma mulher que, definitivamente, sabe “Erguer a Voz”!

(Foto de capa: Lina Agifu).


 

 

 

 

 

Maria Teresa Silva Martins de Carvalho é assistente social e escritora.

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