A meditação hindu lhe ensinara o desapego. De olhos fechados, renunciara a tudo: orgulho, bens, gula. Convicto, sentiu-se confiante como nunca. Abriu os olhos. Na sala abafada, a colega ao seu lado suava em bicas: a camisa transparente colada ao corpo. Cerrou as pálpebras com força de novo. Tentou lembrar-se de um mantra. “Hare… hare…..” Como era? O Mulhadhara em fogo. “Por Baba!” Súbito, com as mãos nos olhos, correu até dar com a testa na porta. “Aonde vai,” perguntou o mestre. “A um mosteiro franciscano!” – gritou. E saiu tateando o templo.
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Alê Bragion dirige o Diário do Engenho (e publica por aqui as suas próprias crônicas quando os demais colaboradores estão curtindo o feriado…).
Humor, sabedoria, sensibilidade. Domínio perfeito da palavra. E eu gostando, curtindo e aprendendo. Parabéns, Alê.