Manifestar em Paz

O movimento popular que tomou conta das ruas das principais capitais do país une-se hoje, quinta-feira (20), às manifestações que já vêm acontecendo em várias cidades do interior de alguns estados – incluindo-se aí, em especial, as cidades da nossa região. Pelas redes sociais, milhares de pessoas dos mais variados municípios – como Rio Claro, Limeira e Piracicaba – estão confirmando presença nos atos públicos que deverão marcar nacionalmente o levante que está parando o Brasil. Em nossa cidade, mais de 12 mil confirmaram participação nos atos previstos para acontecerem em frente ao Terminal Central de Integração (TCI) e à Câmara dos Vereadores da cidade.

Por aqui, aliás – e vale dizer – movimentos como o Reaja Piracicaba e o Pula Catraca já haviam mobilizado boa parte da comunidade e realizado manifestações importantes e pacíficas muito antes mesmo de o levante nacional ganhar força e sair pelas ruas das grandes cidades. Pioneira no interior – mais uma vez – Piracicaba levantou-se cedo contra o aumento abusivo do preço das passagens do transporte público (o valor das passagens de ônibus em nosso município é muito superior ao praticado nas grandes capitais como Rio e São Paulo!) e em desagravo ao ridículo aumento de mais de 60% no salário de nossos onerosos e quase inúteis vereadores.

As péssimas condições do sistema público municipal de saúde, a violência em escalada que assola o município (Piracicaba é a primeira no ranking da violência no que diz respeito a cidades com até 370 mil habitantes), as despóticas decisões tomadas com frequência pela Câmara dos Vereadores (como a polêmica de repercussão nacional em torno do caso do cidadão que foi retirado da Câmara por ter se recusado a ficar em pé durante a leitura da bíblia e também a desastrosa instalação de um vidro protetor – um aquário – que separa, nas audiências públicas, os vereadores e a população) são motivos que, somados ao aumento das passagens de ônibus, há muito tempo vêm causando indignação no piracicabano e levando às ruas movimentos como o Reaja Piracicaba e o Pula Catraca.

Na tarde de hoje, no entanto, é preciso que aqueles que vão sair às ruas – e é preciso sair às ruas! – sigam à risca a cartilha da não-violência praticada pela maioria dos manifestantes que se mobilizaram até o momento pelas principais cidades do país. Nesse sentido – e se não faltam motivos para o piracicabano aderir ao movimento – é preciso ter-se em mente que a manifestação pacífica e ordeira é a melhor chave para se abrir as portas de um novo tempo. A civilidade e a ética – extintas na classe política – devem ser as bandeiras de nossos manifestantes – sendo assim, também, o seu maior exemplo. Afinal, é só por meio de manifestações sem vandalismos, sem agressões ou contravenções é que chegaremos – um dia, talvez – a paragens mais honestas, belas e humanas.

Desperta, a cidade deve agora levantar-se para uma mudança radical de postura. As manifestações populares e a coragem do povo – especialmente dos jovens – em tomar parte, de peito aberto, desse levante que vem chacoalhando o país e a cidade deve ser – para sempre – entendida como modelo de uma mudança de postura política. Quer dizer, é importante que a partir de agora a população piracicabana aprenda, de uma vez por todas, a escolher melhor quem a representa. Da mesma forma, é fundamental aprender a cobrar, a exigir que os nossos governantes cumpram a função para a qual foram eleitos pelo povo e atuem politicamente em benefício da cidade e da população – e não em benefício de seu próprio bolso e de suas próprias causas.

Manifestemos sim, sempre, em paz e com objetividade! Só assim conseguiremos mostrar que estamos atentos ao cenário político no qual estamos – queiramos ou não – inseridos. Que a cidade caminhe, plena de amor, pelas ruas – na paz, pela paz e pela vida. É hora!