Dizem Chaïm Perelman e Lucie O. Tyteca que “o educador foi encarregado por uma comunidade de tornar-se o porta-voz dos valores reconhecidos por ela e, como tal, usufrui de um prestígio devido a suas funções”. Cabe-nos, então, situar dentre esses valores o conceito de ética e cidadania. Se não o fizermos, corremos o risco de compactuar com algo que não concordamos.
Quanto à ética, seria ela ainda um conjunto de “princípios de conduta moral de pessoas, grupo ou religião”, como dizem os dicionários? Caso seja, o que pensar então, diante dos casos de corrupção tão bem exemplificados por Collor, no passado não tão remoto, ou por Celso Pitta, ex-prefeito de São Paulo, um pouco mais à frente – e, no presente, pela ainda lenta investigação das “rachadinhas” de Flávio Bolsonaro ou 89 mil de Michele?
Parece-nos que a velha lição equivocadamente atribuída ao craque Gerson, divulgada nos anos 70, foi muito bem aprendida: levar vantagem em tudo! Que pena! Com base nesse bordão é que vemos estudantes tentando colar em provas, empresas concorrentes enganando o consumidor, programas de tevê explorando a miséria para levantar a audiência, … e muito mais.
Quanto à cidadania… bem pouco também podemos dizer. Ou muito, mas aí teríamos que lembrar que há enchentes decorrentes de lixo nos bueiros e leito dos rios, crianças mendigando nos semáforos para fugir da miséria, famílias na fila para receber osso no açougue, outras tantas que caíram na prostituição para ter um orçamento doméstico, não sei quantas rebeliões num sistema carcerário falido…
Chega! Já basta!
Cabe, então, a todos, numa demonstração de ética e cidadania, o resgate dos valores – que por ser valores são imprescindíveis. Cabe redefinir qual é a função do Estado , qual é a função da família e qual é a função da escola. Cabe um parar de transferir ao outro aquilo que é para ele fazer. Cabe um parar de assumir para si a tarefa que o outro não faz. Depois de tudo reorganizado, só então caberá ao educador ser o porta-voz de tudo aquilo que faz deste mundo um bom lugar para se viver…
Elder de Santis é professor e mestre em Educação.
Bravo!
Resgate de valores, é o que realmente precisamos!
Por enquanto, parecemos highlanders procurando manter a cabeça no lugar para sobreviver em Hogwarts, escapando às emboscadas do Inominável e seu séquito trevoso.
Parabéns pelo artigo, Professor!
Elder, a Educação tem assumido muitos papéis de outrem ?? e o encantamento pelo aprender/ conhecer/ ser – fica menor frente ao assistencialismo( com ismo mesmo) porque só se tapa o sol com a peneira
Gosto muito do diálogo q vc cria ccom seus leitores. Parabéns mais uma vez!
Parabéns Professor Elder! Mais uma vez impecável sua contribuição. Se cada um de nós olharmos ao nosso redor e ao invés de reclamar pensarmos em como contribuir para a melhoria descobrimos nossa importância e responsabilidade como cidadãos. Obrigada.
Exatamente Elder, mais do mesmo…. do mesmo podre, corrupto, todos impune!!!! A população necessitada continua a deriva, enquanto sobem inflação, impostos…. estamos sem saúde, educação, proteção ambiental… mais do mesmo!!!
Parabéns pelo ótimo texto Elder!!!! Sempre oportuno!!! Abraço