Mais de um aluno me procurou via rede social para perguntar quando as aulas retornariam na Unimep, pois muitos receberam a notícia da greve como um sinal de que deveriam ficar em casa. É claro que a participação ou não de cada um ou o sentimento de angústia particular diante de uma greve é plenamente aceitável. Porém, mal sabem esses alunos que os momentos vividos nas assembleias, no convívio e nas conversas entre alunos, funcionários e professores – na reitoria, nas manifestações ou nos corredores – representam uma oportunidade extraordinária de aprendizado que nenhuma graduação poderá oferecer.
As assembleias realizadas pelos diferentes segmentos da universidade (alunos, professores ou funcionários) são chances únicas de participar, criar e compreender os fundamentos da Democracia. E não se trata de aderir automaticamente ao que vem sendo decidido, mas de escutar, refletir e falar nas assembleias e, junto de seus participantes, produzir cidadania em sua essência; conforme estabelecida pelos gregos antigos a dois mil e quinhentos anos atrás.
Jean Pierre Vernant, no livro As origens do pensamento grego, nos ensinou que a Razão grega do século V a. C. era muito diferente da Razão experimental da ciência contemporânea, voltada quase que exclusivamente para as técnicas que transformam o mundo e a natureza para o bem e para o mal. Para compreendermos como os gregos antigos concebiam a Razão devemos pensar na definição aristotélica de homem como um “animal político”, pois esta deixa transparecer que, para os gregos, a Razão nascia no exercício da vida pública; se o humano que pensa é um homo politicus é porque a própria Razão, na concepção de Aristóteles, é política.
Mas o que era política para os gregos antigos? A política era justamente a possibilidade de intervenção na comunidade formada pelos cidadãos: a Polis – ou cidade –, mas cujo sentido pode se estender, em nosso caso, para a NOSSA Universidade. Tal intervenção se dava através do debate público de argumentos. É justamente nesse cenário que surge a Razão grega ou o que nós chamamos hoje em dia de filosofia. A concepção da Razão como um instrumento para mediar as relações dos homens com a cidade marcou a mentalidade do homem antigo. Para estes, o exercício da cidadania em sua comunidade era o coroamento da atividade humana.
Em nossa luta atual, na Unimep, por sua vez, é fascinante ver e aprender, por exemplo, com situações como a que nos revelou que um mesmo professor que se colocou contrário à greve – a partir de argumentos expostos por ele na assembleia dos professores – e posteriormente acabou sendo voto “vencido” nas votações, constitui-se mais tarde como parte integrante do corpo unimepiano que luta para tornar realidade a vontade expressa pela maioria. Ou seja, mesmo sendo derrotado em seu posicionamento inicial, passar a lutar junto dos demais em busca de um bem comum para a todos. Genial!
Por fim, vale lembrar que, para os gregos, o que definia o homem em contraposição a um bárbaro era que o homem era um cidadão e participava e refletia sobre as coisas que estavam ao seu redor e lhe afetavam. Para os gregos antigos, portanto, a experiência de participar de momentos como o das discussões e assembleias de alunos, professores ou funcionários – seja para se contrapor ou apoiar o movimento – seria considerado por eles como grande oportunidade de frequentar a mais importante de todas as aulas.
Rafael Gonzaga é professor do curso de História da Unimep.
Acredito que lutar pelos direitos não tem discussão, no entanto, muitos estão se esquecendo que a nossa carreira (Alunos), seja ela a área que for, esta em jogo e o que percebemos é que isso não esta sendo levado em consideração…alunos que iriam se formar este ano e assim atingir o objetivo tão esperado, estão vendo isso descer pelo ralo. Não se trata do futuro de alunos, mas sim de famílias inteiras…sou aluno da Unimep e apoio a greve, porém acredito que os interesses dos alunos devem ser levados em consideração, bem como respeitados. Estamos pagando a universidade e não estamos tendo as aulas que precisamos…a greve não vai nos dar o diploma e muito menos permitir e ingressar no mercado de trabalho…então não diga que a greve nos ensina algo que graduação alguma vai ensinar, pois isso não é argumento.
O que me deixa abismado é que somos todos adultos, porém o que se vê é uma infantilidade…ninguém cede a nada, mas todos sabemos que para uma greve terminar o meio termo de ser atingido…analisando como as coisas estão sendo conduzidas, essa greve vai perdurar por muito tempo.
Alguém vai dizer “que egoismo da sua parte”. Se apoio a greve pensando em funcionários, professores, Unimep, não sou considerado egoísta. Mas quem esta pensando em nós alunos, que batalhamos para chegar até aqui, sacrificando convívio familiar, lazer e muito mais? A resposta para essa pergunta, os atos da greve falam por si só.
Como eu disso sou apenas uma aluno sofrendo porque pessoas não são capazes de chegar em um denominador comum…mais uma vergonha para os representantes da UNIMEP.