Quando idealizamos oferecer a Piracicaba um periódico online que desse conta de divulgar e opinar sobre a vida cultural da cidade, é fato que tínhamos uma noção da qualidade e do grande número de eventos e atrações culturais desenvolvidos por aqui semanalmente. Todavia, e para feliz surpresa nossa, ao longo deste primeiro mês de trabalho, nós – do “Diário do Engenho” – pudemos perceber que tais atividades culturais acontecem em Piracicaba numa proporção muito maior do que a (já grande proporção) que supúnhamos.
Por isso, ao nos sentarmos para pautar a agenda cultural da semana em Piracicaba e elencar seus principais eventos, acabamos sempre por nos surpreendermos com a quantidade de excelentes atividades – muitas vezes gratuitas – apresentadas ao público piracicabano. De abertura de exposições a mostras de cinema – passando por shows musicais, concertos, teatros, feiras de arte, lançamentos de livros e muito mais! –, podemos afirmar que não há na agenda piracicabana um único dia em que não aconteça um evento cultural de primeiríssima linha. Ou, melhor ainda, podemos afirmar que muitos são os dias em que ótimos eventos acontecem até no mesmo horário – tendo o piracicabano que optar por essa ou por aquela atração.
E de quem seriam os méritos por essa grande movimentação cultural? Em primeira instância, vale destacar que grande parte dessa agitação cultural é proporcionada pela própria Secretaria de Cultura de Piracicaba – que, em especial nos últimos anos, vem apoiando, promovendo e oferecendo à cidade uma programação diária invejável. E se é fato que eventos já tradicionais de Piracicaba, como o “Salão Internacional de Humor” e a “Paixão de Cristo,” tornaram-se nacionalmente conhecidos – e ainda recebem grande apoio da Secretaria de Cultura –, é verdade também que um grande número de atividades mais “próximas” do dia-a-dia do cidadão e menos “suntuosas” acontecem também no cotidiano da cidade – e merecem ser igualmente destacadas.
Dessa forma, numa olhada rápida no informativo intitulado “Viva Cultura” – veiculado pela Secretaria em questão – podemos ter uma feliz surpresa e uma melhor noção sobre como (e quando) essas tais atividades e eventos são desenvolvidos. Assim, em tal programação é gratificante verificar que grandes atrações (como as teatrais, por exemplo) misturam-se lado a lado a oficinas de capoeira oferecidas gratuitamente à população. Da mesma forma, é igualmente gratificante verificar que projetos como o “Som ao Cair da Tarde,” o “Prata da Casa,” a “A Arte Abraça Você” e a tradicional “Noite da Seresta” oferecem ao público piracicabano, também gratuitamente, sempre uma boa música – feita, quase sempre, por grupos formados em sua maioria por gente da cidade.
Notadamente, e deixando de lado qualquer questão político-partidaria, é fato digno de nota e de reconhecimento que – muito impulsionada pela Secretaria de Cultura de Piracicaba – a vida cultural da cidade de Piracicaba deu um salto considerável nos últimos anos. E, nessa jornada cultural, incluam-se aí também as reformas e reinaugurações de centros históricos como o da “Estação da Paulista,” a construção da nova e modelar Biblioteca Pública Ricardo Ferraz de Arruda Pinto e a construção (ainda em andamento) do teatro do Engenho Central.
Por outro lado, e além da Secretaria de Cultura, cabe destacar que instituições como o SESC e o SESI também inundam a cidade com o que há de melhor na cultura paulista e brasileira. Com uma programação quase sempre gratuita, SESI e SESC oferecem ao piracicabano um roteiro semanal incrível – com shows, danças, exposições, oficinas, teatro, música, literatura e por aí afora. Passível serem conferidas em seus respectivos prospectos, publicados e distribuídos aos interessados, as programações dessas duas instituições incrementam com excelência a semana cultural da cidade.
Além disso tudo, há ainda de se reconhecer a existência de um sem-fim de grupos teatrais, de saraus (como a da Ana Marly Jacobino, por exemplo), de grupos literários, de associações de artistas plásticos, de ateliês, de conjuntos musicais e de tantos outros artistas, grupos e produtores piracicabanos que – juntos – fazem de Piracicaba a cidade com uma das vidas culturais mais dinâmicas do interior de São Paulo.
Finalmente, e levando em conta uma vida cultural efervescente como a que aqui foi exposta, é razoável pensarmos que o artista piracicabano consegue ganhar, sem grandes dificuldades, o seu pão de cada dia em terra piracicabanas – não é? Infelizmente não – e esse talvez seja um dos paradoxos mais fortes de nossa cultura citadina. Afinal, como o verdadeiro valor da arte e da produção artística pode ser devida e honestamente medido, calculado e pago?
Mas isso já é tema para outro edital. Fiquemos, por hora, mais que reconfortados ao darmos conta de que a nossa cidade, sim, respira cultura. E muito. Amém!