Conversa de boteco

Enquanto isso, em uma das mesas do bar do Genésio: 

[Juracir]: Cumpade, ontem a noite foi boa!

[Pereira]: O que aconteceu de diferente?

[Juracir]: Troquei a agulha da vitrola porque, você sabe, o bolachão está na moda de novo; coloquei aquela música do filme que o cara morre, mas o espírito volta e fica com a mulher, e relembrei os velhos tempos com a Neusa.

[Pereira]: Nossa, cumpade, depois de tanto tempo?

[Juracir]: Pois é. Se eu soubesse que era só trocar uma agulha… 

[Pereira]: Me passa o nome da música.

[Juracir]: Não é assim! A música é boa, mas marcou momentos bons da nossa vida.

[Pereira]: Ah, entendi! Então já sei qual vai embalar a noite de hoje com a Cleuza.

[Juracir]: Esses dias lembrei daquela que tocava no clube, quando éramos bons de bola.

[Pereira]: E tem aquela que tocava, quando a galera ia de Fusca à casa da Lurdes. Lembra?

[Juracir]: Bons tempos!

[Pereira]: E trilha sonora boa também!

Enquanto isso, na mesa ao lado:

[Pedro]: Amor, fiquei animado com a conversa desses dois. Assim que chegarmos em casa, vamos ouvir a nossa música?

[Ana]: Claro, amor! Qual vamos ouvir?

[Pedro]: Pode ser “Ai se eu te pego”. Não, não, melhor ainda, pode ser “Eu quero tchu, eu quero tcha”. O que acha?

[Ana]: Amor, tudo bem se deixarmos para outro dia. De repente me deu uma dor de cabeça.

Voltando à mesa ao lado:

[Pereira]: Cumpade, fala para o moço aqui do lado onde você trocou a agulha da vitrola!

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Fernanda Rosolem é jornalista, pedagoga, violonista e cantora.

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