“Carta às brasileiras e aos brasileiros” – pela democracia hoje e sempre!

“Carta às brasileiras e aos brasileiros” – pela democracia hoje e sempre!

Os frequentes ataques perpetrados pelo então presidente da República e seus correligionários à democracia e à estrutura que sustenta o estado democrático de direito tem colocado a nação em alerta. Desde a redemocratização do país – processo, aliás, mal gerido e que jogou para debaixo do tapete da história os crimes praticados pelos militares contra os brasileiros e as brasileiras – não víamos em nossa pátria um clima tão bélico e de tantas e constantes ameaças à democracia e às instituições como agora.

É bom que se frise: desde o início de seu mandato, o então presidente da República – ao lado, inclusive, de seus filhos – vem estimulando seu seguidores e eleitores, por meio de seus discursos e de intermináveis e variadas ações midiáticas (como postagens em redes sociais, por exemplo), a tomarem parte de um processo gradativo de tensão e de ódio contra a democracia que agora vem chegando às vias de fato país afora. Amparado por generais alçados por ele ao posto de ministros de estado, o ainda presidente da República ameaça as eleições, mente sobre o processo eleitoral, ofende ao Tribunal Superior Eleitoral (a seus ministros, ministras e às urnas eletrônicas), ataca – em especial – ao Supremo Tribunal Federal (e também a seus ministros e ministras), se levantando diariamente numa cruzada insana contra as eleições, contra as instituições basilares de nossa pátria, contra os bastiões de nossa Constituição e democracia.

Alimentados pelo ódio e pelas mentiras fartamente veiculadas por quem deveria zelar pela paz, pela justiça e pelo bem-comum do país, grupos reacionários revelam abertamente pelas redes sociais o desejo de verem o Brasil mais uma vez subjugado por um golpe de estado. Em diversas cidades, casos de intolerância política vêm ganhando as manchetes dos jornais e explicitam a quem quiser ver os ápices da tensão e da violência que, infelizmente, já chegam a ceifar cruelmente a vida das pessoas – como o ocorrido em Foz de Iguaçu, quando o cidadão Marcelo Arruda, tesoureiro do PT daquela cidade, foi baleado e morto em sua própria festa de aniversário, que tinha como tema o PT e o ex-presidente Lula, por um bolsonarista a quem ele simplesmente não conhecia.

Em maio, na cidade de Campinas, um grupo de pessoas cercou o carro do ex-presidente Lula – ameaçando-o de morte. Em um Uberlândia, no mês de junho, três bolsonaristas foram presos por jogarem um líquido “mal cheiroso” (que não se sabe exatamente se veneno ou urina) em apoiadores do ex-presidente Lula (PT) e do pré-candidato a governador, Alexandre Kalil (PSD), que aguardavam o início de um ato político. Também há poucos dias, Marcelo Freixo (PSB) – candidato ao governo do estado do Rio – e seus apoiadores foram impedidos, por dez homens armados, de participar de uma feira na capital do estado. Em Rio Preto, interior de São Paulo, Ciro Gomes (PDT) – candidato à presidência – também foi severamente hostilizado por bolsonaristas numa feira de agronegócios que visitava. Na mesma trilha de ameaças e estímulos a rupturas de todas as ordens, atos golpistas travestidos de nacionalistas novamente vêm sendo conclamados para o dia 7 de setembro – tendo o ainda presidente da República como seu principal articulador.

Diante desse quadro tenebroso e em reação à violência e às ameaças contra a paz e contra o estado democrático de direito, grupos suprapartidários estão – pacífica e democraticamente – também se movimentando e se organizando em defesa de nossa Constituição e Democracia. Nesse sentido, acontece hoje, quinta-feira (11/08), um importante ato na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo – no tradicional Largo do São Francisco. Inspirada na célebre e histórica carta do advogado e professor Goffredo da Silva Telles Junior – lida por ele, contra a ditadura militar, em 1978 – a atual “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros” será lida no dia de hoje, no mesmo Largo São Francisco, marcando a atual luta pela defesa da democracia – que precisa e deve ganhar força, espalhando-se pelo Brasil.

Assim é que, replicando esse ato pelo país, diversas entidades, grupos e associações farão também a leitura dessa carta – que até o horário de fechamento deste artigo já estava quase atingido o número de 1 milhão de assinaturas (incluindo a de entidades representativas da direita, como a Fiesp e Febrabam). Em Piracicaba, esse mesmo movimento suprapartidário também terá o seu eco garantido – sendo que a “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros” também será lida, em ato organizado pelo IPEDD – Instituto Piracicabano de Estudos e Defesa da Democracia – a ocorrer às 11 horas da manhã, no Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba, e que reunirá – dentre várias entidades civis e grupos sociais – a presença de políticos de partidos diversos, cabendo destacar a presença confirmada dos ex-prefeitos José Machado (PT) e Barjas Negri (PSDB).

Momento de luta, de estarmos atentos e fortes, a união pela democracia é – e precisa ser – suprapartidária. Por isso, independente do colorido político e da preferência e pertencimento a esse ou àquele partido, a força de todos e todas, juntos e juntas, se faz hoje ainda mais necessária. É hora de, outra vez, darmos as mãos. É hora de, outra vez – e sempre! – defendermos a democracia, a nossa Constituição, as eleições e o nosso país. Unidos e unidas, de mãos dadas, exultemos e exaltemos nosso lema maior que – nos anos de chumbo da ditadura que queremos ver impedida de ser restabelecida – marcou toda uma época e um país: “o povo, unido, jamais será vencido”. É hora de união! Viva e democracia!

 

 

 

 

 

Rai de Almeida é advogada e vereadora em Piracicaba, pelo Partido do Trabalhadores.       

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