Gente, acho um tédio escrever sobre datas comemorativas. Estudei em escola de freiras durante a ditadura militar. Fui exposta a altas doses de ufanismo, moralismo, declamações, teatrinhos e cantorias em honra de Jesus, mamãe e a pátria amada. Papai do Céu, papai da Terra e o governo também mereciam nosso respeito temeroso. Nossa Senhora, é claro, estava acima dessas trindades. Recorríamos à Mãe de Deus quando as freiras e/ou nossas mães terrenas se mostravam injustas com nossas artes.
As mães, na minha infância, eram diferentes. Sabiam que os filhos não se criavam sozinhos, nem soltos na rua, em má companhia. “Não quero vocês brincando com esses moleques sem educação”, elas diziam. Seletivas e orgulhosas, morriam de vergonha se seus filhos fizessem feio. “Já pro quarto! Vocês me fizeram passar carão. Parece que não têm mãe”, concluíam depois de nos dar umas chineladas. Na sexta-feira anterior ao Dia das Mães, recebiam homenagens e presentinhos artesanais feitos pelos filhos na escola. A parceria entre mães e professoras fechava o cerco em torno de nossos maus modos e acabava por civilizar-nos afetuosamente na marra.
Esse modelo antigo de mãe está se extinguindo e já foi paparicado à exaustão. Quero homenagear as mães incompetentes que não aprenderam a ser mães por falta de exemplo, tempo ou temperamento. A sociedade prefere pensar que toda mulher vai saber como lidar com um filho a partir do momento em que o bichinho nascer. E ai daquela que não souber! Será uma “desnaturada” que merece ver o filho preso ou apanhando da polícia. Ora, pessoal, não existe mãe “naturada”. Até entre os animais, maternidade é aprendizagem contínua e cada filho traz desafios diferentes.
Todas as mães erram, mas as sem preparo têm maior probabilidade de errar muito feio. Uma dessas novas mães esteve no meu trabalho querendo que tentássemos impedir a polícia de patrulhar uma esquina mal frequentada onde seu filho costuma relaxar depois do trabalho. A ela pouco importava que o local fosse um ponto de usuários de drogas e arruaceiros. Seu filho era um anjo com direito ao lazer.
Não quisemos ajudá-la a empurrar o próprio filho pro abismo. A polícia estava apenas cumprindo seu dever, evitando que o local se transformasse em um ponto de tráfico. Vai continuar passando e revistando os filhos de outras mães do mesmo tipo. Que Nossa Senhora as proteja e, se puder, lhes dê juízo!
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Carla Ceres é escritora
Poucos filhos têm a capacidade de ver que seus pais têm virtudes e falhas e seguem, por vezes, cegamente os exemplos destes. Mãe é mulher, sofreu, teve que se apegar afetivamente ou não em alguma coisa para vencer as dificuldades, por vezes, vítima da situação em que veio o rebento. Então, mãe não é perfeita, é mãe; e nós, mesmo homens, temos o instinto de maternidade, mas mãe é mãe.
Gostei do seu comentário sensível e sensato, Camilo. Obrigada e parabéns!
Assino embaixo, Carla!
bj
Obrigada, Andrea! Beijos!
Mãe não é profissão, muito menos dom… Para muitas, um acaso em que os anticoncepcionais falharam… e, por tabela, elas também falham… Contaminaram-se! E, como educadora sempre ouvi defesas maternais aos filhos, que sequer promotores conseguiriam derrubar as teses dessas mamães que não querem trocar suas lentes obscuras de forma alguma. E, assim, nessa parafernália da criação, feito fornada de pães, nascem filhos, mas nem sempre nascem ‘mães’… Poluição gestadora de desafetos…
Bj. Célia.
Pois é, Célia! Não dá pra argumentar com certas mães. Beijos!
Carla, muito bem dirigida a sua postagem. O preparo da mãe funciona em paralelo com o crescimento do filho. Como não existem duas pessoas iguais, cada filho é uma experiência única.
Ainda bem que Deus é perfeito na criação e premiou a mãe com um instinto apropriado para gerar e criar filhos e sei que fazem o possível e o impossível para dar o seu melhor para eles.
É bom que se reverencie todas as mães porque, pensando bem, o que vem a ser uma mãe desnaturada?! “Preste” ou não, a mulher mãe tem todas as qualidades necessárias para encaminhar os novos seres por ela gerados. Como se diz no dia a dia: “Mãe é mãe”.
Bjs
Manoel
http://blogdoobvio.blogspot.com
Obrigada pelo comentário, Manoel! Sem dúvida, a maioria das mães se esforça muito. Abraço!
oi Carlinha,
penso que mãe nasce mãe,
não se aprende,não se estuda,
mãe tem que vir com o chip embutido pronto para ser disparado na hora certa,
mãe ou é ou não é…
assim é a minha opinião…
beijinhos
Até entendo por que você pensa assim, Rô. Você é ótima com seus filhos e será uma excelente avó. Acontece que, mesmo sem o chip da maternidade, muitas mulheres têm filhos e precisam aprender a cuidar deles. Beijos!
Olá Carla, e que tudo esteja bem!
Alguns esquecem que antes de ser mãe, são também humanas, e está sujeita as mesmas emoções que todo ser humano sente, pecam algumas vezes pelo excesso de zelo e não chamam atenção do filho quando estão equivocados em certas atitudes, e dessa maneira ajudam as crias a não assumirem a responsabilidades por seus atos e escolhas, mas, mãe, bem quem tem sabe que o sentimento deste ser pela cria é eterno, é um gostar incomparável, tão pouco explicar!
Gostei do texto, como sempre que você posta, e também das imagens da pata que acreditou na conduta dos filhotes e somente um seguiu seus passos, ilustra bem a confiança que as mães depositam nos filhos!
E assim me vou grato por compartilhar este belo texto e desejando que seja sempre tão intenso e feliz o teu viver, abraços e, até mais!
Obrigada pelo comentário, Sotnas! De fato, em geral, as mães pecam por excesso de amor mal direcionado. Abraço!
Que Deus NOS abençoe porque essas mães procriam como coelho! Tem aos montes e aos montes de filhos!
Apanhei mil vezes ouvindo minha mae dizer que eu havia a envergonhaço e hj em dia o que wu mais quero na vida é dar orgulho a ela!
Acho que ela fez alguma coisa certo né?!
beijos Carlinha! Vc é demais!
Obrigada, Camila! Sua mãe, sem dúvida, tem motivos de sobra pra se orgulhar de você. Concordo com o seu comentário sobre às mães irresponsáveis. É fácil pôr filhos no mundo quando não se pretende criá-los. Beijos!
Adorei seu comentário, Mariazita. Muito obrigada! Na minha família, o caso mais grave de depressão pós parto quase terminou com um bebê afogado no rio. Por sorte, os parentes impediram a mãe de mandar a criança prum mundo melhor. No seu comentário, no meu blog, você contou que alguém apareceu pra resgatar os patinhos da foto. Isso foi uma ótima notícia. Eu estava triste pela família. Beijos!