O anúncio do fechamento da Revista Bravo! – uma das mais importantes publicações sobre cultura no país – vem fomentando grande discussão acerca dos rumos do jornalismo cultural contemporâneo no Brasil. Nesse sentido, o jornalista e escritor Michel Laub, em seu texto “Jornalismo Cultural” (publicado na Folha de São Paulo em 16/08/2013) nos lembra que – além da Bravo! – na última década perdemos também o suplemento Sabático – do jornal Estado de S. Paulo – e revistas como a Bizz e a Set.
Essas tristes ocorrências nos mostram que, cada vez mais, os veículos de comunicação estão dando preferência por levar a público um conteúdo mastigado, superficial e que não apresenta reflexão alguma. Em contrapartida, sites como o da Revista Bula e o Obvious Magazine – uma rede de colaboradores portugueses e brasileiros que discute cinema, arte e literatura – nos mostram o contrário. Enquanto os suplementos culturais nos jornais se prendem a divulgar apenas a agenda de shows – espetáculos e cinema – alguns blogs independentes disseminam pela internet ideias e discussões acerca da cultura em si.
No caso da Revista Bula – cuja página no Facebook ultrapassa 50 mil visualizações por dia – um grupo composto por jornalistas, escritores e outros profissionais realizam o trabalho de alimentar o site goianiense com temas reflexivos, críticas de cinema e links para downloads de conteúdo cultural. Tomando esse modelo de atividade cultural como exemplo, podemos perceber a ocorrência de uma verdadeira migração do jornalismo cultural para as plataformas digitais, como também para outras mídias jornalísticas. Nesse sentido, Thiago Tufano, do Portal Terra – em seu texto intitulado “Jornalismo cultural deve saber dia e hora que será consumido,” publicado no referido site no dia 6/012/2012 – afirma que, segundo Giselle Beiguelman – editora da Revista seLecT –, a leitura passou a ser vista um ato social após o surgimento das novas mídias. Por isso, é essencial que os veículos de comunicação invistam nos formatos digitais – completa ele.
Por outro lado, vale sempre lembrar que – como revelou o jornalista Luís Antônio Giron, quando de sua participação no programa Jogo de Ideias (produzido pelo Itaú Cultural) – “o jornalismo cultural é a mãe do jornalismo”, já que quando surgiram os primeiros periódicos, as questões políticas – essência dos jornais da época – eram vistas como cultura. Quer dizer, fundamental na história jornalística, o jornalismo cultural necessita de leitores preparados, com acesso à educação e à cultura brasileira, para ser lido e entendido como se deve.
Portanto, os rumos que esse já quase extinto gênero seguirá não serão ditados somente pelos donos dos grandes veículos, mas também por questões educacionais, políticas e mercadológicas – estando ele, inevitavelmente, também atrelado aos rumos que o jornalismo online conseguir traçar para si.
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Carolina Carettin é aluna do 2º semestre de jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP.
Muito bom ver você crescendo! Parabéns