Barrabás!

Barrabás!

A vida é cheia de caminhos, encruzilhadas e decisões. Todos sabemos que são essas escolhas que dão norte, rumo à existência. São estas opções que alteram positiva ou negativamente o que somos e, principalmente, decidem entre o bom e o ruim, o bem e o mal. A história é marcada por momentos assim, mas um deles é significativamente importante, acontecido no interior da palestina, há pouco mais de dois mil anos numa cidade chamada Jerusalém. Havia um tribunal, público, julgando dois homens condenados à morte, mas como as comemorações da Páscoa judaica estavam muito próximas, a tradição pedia que um dos condenados fosse absolvido. Exatamente o que aconteceu. O juiz lava as mãos diante de todos para se eximir de qualquer culpa, e dá a decisão ao povo.

De um lado, Barrabás, que possivelmente fosse um Zelote, membro de uma facção política radical, terrorista, que preconizava em nome da tradição, a violência, aceitando o armamentismo, a guerra, a dor e a morte como solução para as questões de seu povo. Do outro lado, Jesus, um Profeta nazareno, que havia andado por toda a região curando enfermos, multiplicando o pão, atendendo os pobres, os desvalidos, pregando o amor como solução para as questões da vida.

Diante daqueles dois homens, daqueles dois caminhos, de estilos e propostas tão antagônicas, de opções tão diferentes, o povo grita: Barrabás! Barrabás! Esta era a decisão do povo! A politica radical, terrorista, violenta e armamentista! Uma escolha clara pela morte, pela dor, pela guerra!

O que me impressiona não é a omissão do poder público, que lava suas mãos no sangue alheio, e se omite, se isenta, se exime, o que me estarrece é o grito do povo que, mesmo diante da possibilidade de inverter a lógica, de dar sentido à vida, enaltecer a paz, prefere a ilusão da guerra, prefere se juntar em multidão, seguir o fluxo, perder-se na inercia do comodismo. O que me estarrece é a omissão mórbida da Igreja que se cala diante de um líder que vitupera o nome de Deus nas vias públicas, liderando seu exército de hipócritas, de sepulcros caiados que em nome da religião apoiam, por interesses pessoais, um comandante vil, torpe e imoral.  E toda vez que o povo grita: Guerra, morte, violência! Grita contra Deus, e toda vez que a Igreja se isenta, se cala, grita contra Jesus, a favor da cruz e contra sua própria salvação!

Que Deus nos ajude a entendermos que nem sempre a voz do povo é a voz de Deus e que diante de qualquer decisão, precisamos recorrer ao amor que Cristo teve por nós, símbolo máximo da negação de tudo que vai contra a vida e a paz! Amém!

 

 

 

 

 

Prof. Dr. Rev. Nilson da Silva Júnior.

 


Imagem de capa: Antonio Ciseri (1821-1891).

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