Educar para ser educado – por Fernanda Rosolem

O assunto pode soar repetitivo ou parecer temática excessivamente discutida, porém nunca esgotada em seus significados. Aqueles que afirmam que ao mesmo tempo em que ensinamos aprendemos são pessoas que compreenderam a arte de educar.

Professores, pais, gente “comum.” Todos podem ser educadores, afinal vivemos de relações e estas se fundamentam em trocas de experiências e ensinamentos. Contudo, os dois primeiros grupos de pessoas assumem a responsabilidade maior – principalmente o primeiro. É intrigante notar que, nas relações com as crianças, nem todos são capazes de perceber que mais aprendem do que ensinam. Como? Vejamos.

As crianças ensinam sobre amizade. Gratuitamente, demonstram seu carinho, não se intimidando em dar um abraço ou um beijo com receio de não ser retribuída ou mal interpretada. São capazes de abraçar um coleguinha, simplesmente porque ouviram a palavra “amigo” em uma canção. Choram e se entristecem quando um colega de sala diz que não quer mais sua amizade.

As crianças ensinam sobre sinceridade. Quer saber se seu novo penteado ficou bom ou se aquela roupa lhe caiu bem? Pergunte a uma criança de 4 ou 5 anos. Ela não se importará em dizer a verdade, pois não acredita que possa te magoar sendo sincera. Afinal, muitas vezes ela estará te ajudando a não sair de casa parecendo um palhaço, mesmo gostando dessa ideia.

As crianças ensinam sobre coragem. Seus medos são do “bicho papão,” do escuro, do “homem do saco,” da cuca. Medo que nós as ensinamos ter. Do contrário, não teriam nenhum – a não ser o medo de deixar triste alguém que elas amam.

As crianças ensinam sobre fé. Elas acreditam em nós mais do que nós mesmos – olham nos olhos e têm convicção naquilo que ouvem e falam. Elas acreditam na bondade das pessoas!

As crianças ensinam sobre educação e bons modos. Quando aprendem, não acham exagero repetir: “por favor”, “obrigado”, “desculpa”, “com licença”, “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, etc. E sabem exatamente o significado de cada expressão.

As crianças ensinam sobre perdão e paz. No  chamado “jardim de infância” nem tudo é só alegria. Empurrões, mordidas, tapas acontecem. Mas, passada a choradeira, um pedido de desculpas ou um aperto de mãos resolve tudo.

Se continuassemos, a lista dos ensinamentos das crianças se alongaria muito mais. Qualquer um que tenha convivido com um “pequenino,” mesmo que por um curto período de tempo, compreende tudo o que foi e o que não foi dito até aqui. E aqueles que ainda não tiveram o privilégio dessa convivência, saibam que estão perdendo uma experiência e tanto.

Afinal, o verdadeiro educador não é aquele que tenta mostrar o que sabe, mas sim aquele que reconhece que ainda tem muito a aprender.

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A autora:

  

  

  

Fernanda Rosolem é formada em Jornalismo e Pedagogia. Apaixonada pelas palavras, por Deus e pela música, atua como professora de Musicalização Infantil e de violão popular. É também a mais nova colaboradora do Diário do Engenho

 

 

6 thoughts on “Educar para ser educado – por Fernanda Rosolem

  1. Este tema é recorrente, mas nunca inesgotável. Precisamos falar exaustivamente sobre ele,enfatizando que aprender com as crianças não é fazer delas soberanos de todas as suas vontades.
    Boa reflexão.
    Seja bem-vinda a este espaço tão rico e privilegiado.
    Um abraço.

  2. Fernanda,,,,,,amei seu artigo,,realmente mto bom..Mostrou talento de pessoa que ama o que está fazendo,saiba que tem uma admiradora a mais..Seja feliz em tudo ,,vida pessoal ,trabalho,,e principalmente essa fé que nos passa,,bjos fica com Deus..

  3. Fernanda, realmente as crianças nos ensinam mais do que a gente imagina…Elas são simples, queridas e abençoadas por Deus. Parabéns por ser uma pessoa de coração sensível. Seu texto ficou ótimo!Espero ter a oportunidade de ler outros…

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