Aos amigos, os favores. Aos inimigos, a lei.

Aos amigos, os favores. Aos inimigos, a lei.

A famiglia mais recém-poderosa do país parece mesmo ter a sorte grande que só las tutti buonas famiglias têm. Vivendo a máxima maquiavélica, mesmo sem obviamente conhecê-la, os Bolsonaros – incluindo o poderoso chefão da nação e seus filhos – revelam a cada dia saberem usar bem o poder a eles atribuído pelo povo. Provas disso não faltam – e isso em pouco mais de 15 dias de governo.

Afinal, não bastasse aqui e ali um amigo do peito ou dos filhos assumir uma boquinha numa vaguinha pública, não bastasse a plêiade de militares e amigos de caserna empossados em cargos que vão de ministérios a secretarias e outros mais (mesmo sem terem, na maioria das vezes, qualquer formação técnica específica para os cargos), o agora poderoso chefão da nação brasileira e seus filhos caíram também nas graças do STF.

Ora. Desafiando o Ministério Público, um dos Bolsonaros e seu motorista (o famoso senhor Queiroz) deram as costas para a “justiça” e (mostrando a que vieram) simplesmente não compareceram ao MP – apesar dos esforços do MP para invitá-los – para prestarem depoimento em relação à acusação de “movimentações financeiras atípicas” (eufemismos maravilhosos não faltam para definir as falcatruas da corte) por parte dos dois. E fizeram isso mais de uma vez, “táokey”?

Hoje (17/jan.), não barbas de um mudo e impassível Sérgio Moro, o STF simplesmente suspendeu a investigação do caso. Atendendo ao singelo pedido de um dos filhos do poderoso chefão da nação,  o nobre meritíssimo senhor juiz Luiz Fux entendeu ser correto deixar para lá a investigação e qualquer possibilidade de se comprovar os ilícitos – uma vez que o filho em questão assumirá uma cadeira no congresso em fevereiro e, então, terá foro privilegiado.

Por muito menos, Lula já estaria recebendo sua segunda sentença. Pois, como ensinou o “Príncipe” (de Maquiavel, não de Bolsonaro), ao amigos e a si tudo cabe e tudo pode em qualquer circunstância. Aos inimigos (especialmente os políticos), cabem apenas os máximos rigores da lei (além de delações sem provas e meras convicções).

Só resta saber agora se, com essa, o cabo e o soldado já estão na porta do STF (como prometido em campanha) ou a benesse de Fux é apenas uma generosidade à famiglia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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