O Brasil vive tempos duros. Tempos escandalosamente vergonhosos. Quem saiu às ruas pedindo mudanças na política do país deve hoje estar sentindo um misto de remorso e abatimento por saber-se – agora – massa de manobra para que um golpe parlamentar pusesse em curso o mais sórdido plano de blindagem dos políticos do PMDB, PSDB, DEM e de outros partidos inseridos na cena nacional da corrupção e da Lava-Jato.
Não há mais como negar, a “solução Michel”, anunciada então por um dos mais expoentes líderes do PMDB, flagrado em escuta telefônica, segue sendo rigorosamente posta em prática. Como anunciado, primeiro tiraram Dilma. Conforme o previsto, Cunha e Aécio “já eram”. Agora, seguindo tal script ordinário, tomado de assalto o Planalto é a vez de plantar a semente do mal no seio do já contaminado e parcial STF.
Sob o silêncio ofuscante da grande mídia, o governo ilegítimo de Temer atua livremente no exercício de sua própria preservação. Não bastam manobras nos bastidores para garantirem foro privilegiado ao séquito que compõe a corte real do desgoverno. Bastidores? Para quê? Para quem? O ódio ao PT e à esquerda, implantado na mente do povo, é o maior álibi que o desgoverno de Temer precisa para escancarar atrocidades morais e éticas aos olhos de todos.
Não bastasse o foro privilegiado concedido às pressas ao “angora”, deitado no tapete rente da presidência, tivemos nessa terça – dia 21 de fevereiro – a mais insólita e asquerosa teatralização que o desgoverno e sua bancada de comparsas no senado já nos proporcionou: a “sabatina” do já praticamente ministro do STF(!) Alexandre de Moraes.
Filiado ao PSDB, casado com uma advogada que defende políticos acusados nos casos a serem então julgados no STF, acusado de plágio de um livro de Direito e de mentir sobre ter um pós-doutorado (entre outros tantos pontos que impossibilitariam moralmente sua ascensão ao STF), Alexandre de Moraes deve ser alçado ao cargo de ministro e relator dos casos envolvendo os senadores que, hoje, atestam legitimidade a tal ascensão de Moraes à suprema corte.
Escândalo moral e ético.
Desde o início da chamada Nova República certamente nunca assistimos tamanha desfaçatez e imoralidade. Perto desse jogo de cartas marcadas – favorecido pelo triste e misterioso passamento do ministro Teori – os escândalos de corrupção que marcaram governos anteriores são fichinhas de um pôquer mal jogado.
Vergonha nacional. Impõe-se sobre nós a mão pesada daqueles que – há décadas – realmente mandam e desmanda no país.
O que mais farão nesse circo de horrores do qual tomamos parte, os próximos dias dirão.
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A FOTO (CLARA E MARAVILHOSA) COMPARTILHADA AQUI É DE DIDA SAMPAIO/ESTADÃO. PARA VER MAIS SOBRE ELA E SOBRE A MATÉRIA QUE ELA ILUSTRA, ACESSE: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,ccj-aprova-indicacao-de-alexandre-de-moraes-para-o-supremo,70001674416