A primeira vez que pisei em um campus da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) foi no dia 16 de dezembro de 2013. Nunca me esqueci daquele dia em que cheguei ao Taquaral para assinar a minha matrícula para o curso de jornalismo, um sonho de criança que começava a se tornar realidade. Era uma segunda-feira, quase verão, mas o calor piracicabano não dava trégua. O sol brilhava forte sob aquele lugar imenso, com diversas árvores, uma arquitetura diferente e um ar universitário. Eu já me sentia acolhida por aquele local.
Matrícula feita e o próximo passo era aguardar o início das aulas, que só aconteceria quase dois meses depois. No dia 10 de fevereiro de 2014, quando cheguei para o primeiro dia de aula, que na verdade era o “trote”, tive a chance de ao menos tentar conhecer uma outra parte daquele campus enorme, mas uma coisa já era certa: a vista do pôr do sol era muito bonita e renderia uma coleção de fotos.
O tempo foi passando, os nomes dos professores já não soavam mais como desconhecidos, a convivência, ao menos na parte da noite, com os colegas de sala tornou-se frequente e a caminhada para a realização do sonho de ser jornalista ia se afunilando. A Unimep não era apenas um local de estudo. Ela foi a porta de entrada para um mundo repleto de experiências.
Em 2015, tive a oportunidade de fazer parte da equipe organizadora do Simpósio de Jornalismo, que naquele ano celebrava os 35 anos do curso. No ano seguinte, o teatro do campus ficou lotado para receber o jornalista Paulo Henrique Amorim, que ministrou uma aula magna e fez o lançamento do seu livro “O Quarto Poder.” Na ocasião, também tive a chance de entrevistá-lo. Isso sem contar as inúmeras palestras, projetos e atividades além da sala de aula que o curso e a Unimep proporcionaram a mim e a todos os outros colegas.
Desde que me formei, em 2017, vejo com tristeza as notícias sobre a situação da Unimep. Professores com mais de 30 anos de casa sendo desligados e saindo de mãos vazias. Campus abandonados, funcionários e docentes com salários e direitos trabalhistas atrasados, atitudes que refletem a falta de respeito da reitoria com cada uma dessas pessoas, que são parte da história da Universidade, usando o nome de Deus em comunicados para justificar a falta de pagamento e as demissões. Uma instituição que sempre foi vista como referência em Piracicaba e região, que formou grandes profissionais, mas que nos últimos anos fez da educação uma sucata que agora não vale quase nada.
A notícia derradeira chegou na última sexta-feira (19), mais uma vez por um comunicado via e-mail, sobre fechamento do campus de Santa Bárbara d’Oeste e o encerramentos de 25 cursos no campus Piracicaba (Taquaral e Centro), incluindo o de jornalismo. Mais de meio século de tradição, um patrimônio que vai se definhando pelas mãos dos “poderosos”, que esqueceram o verdadeiro valor da educação. Ficam as boas lembranças e o agradecimento por ter feito parte de uma pequena parcela dessa história. A porta que sempre esteve aberta para novas experiências e que ofereceu aos alunos a oportunidade de construir um futuro, agora se fecha aos poucos. O único barulho possível de ouvir é o ranger da madeira no chão, que já destruída pelos cupins, insiste em manter uma fresta para a entrada de ar.
Deixo aqui o meu agradecimento especial aos professores que me ajudaram a trilhar esse caminho do jornalismo: Alexandre Bragion, Ana Maria Cordenonssi, Belarmino Cesar, João Turquiai Jr., Joyce Guadagnuci, Luiz Veloso, Paulo Botão, Patricia Polacow, Wanderley Garcia, Valda Rocha e a todos e todas funcionários e funcionárias, e colegas que estiveram juntos nesse trajeto.
Carol Castilho é jornalista formada pela Universidade Metodista de Piracicaba – freelancer e co-editora do Diário do Engenho.
(Foto de capa: Alexandre Bragion. Fotos do artigo: Carol Castilho)
Nossa, que triste notícia. Me formei na Unimep também, em 1995, e amei estudar nessa universidade. Adorava o campus taquaral, a energia; só tenho boas lembranças. Uma universidade renomada, com professores excelentes; enfim, só lamento.