Antecipadamente informo: não sou urbanista e muito menos arquiteto. Mas, como cidadão piracicabano, observador do cotidiano de nossa cidade e morador por mais de 20 anos nas proximidades da antiga Fábrica Boyes, algumas questões me inquietaram desde que soube da iniciativa da construção de um empreendimento comercial denominado “Mirante Shopping”, na área da antiga Fábrica Boyes.
Pelo que li, em matéria/anúncio publicado pelo Jornal de Piracicaba, na edição do
dia 08/março último, tal empreendimento conterá 09 lojas âncoras, 06 megalojas, 150 lojas satélites e 01 hotel cinco estrelas com 210 quartos. O movimento estimado no entorno é o de (nada menos) 600 mil consumidores por mês.
Assim, e sobre esses números, minhas inquietações se revelam:
1) O entorno de tal área comportará esse aumento de fluxo (pessoas, automóveis, veículos de transporte etc)? Valendo lembrar que o fluxo no local, hoje, já bastante “considerável” nos finais de semana.
2) Quais modificações urbanísticas serão necessárias para a adequar o local ao movimento estimado desses 600 mil (!) consumidores mensais (afora as duas mil pessoas que nele desempenharão suas atividades).
3) Será que esse local é apropriado para a construção de um shopping comercial?
4) Nada contra a geração de empregos, mas se há demanda por mais shoppings na cidade, por que não erguer um em outra área?
É de direito de quem possui propriedades privadas decidir pelo seu uso e destino de seu imóvel. No entanto, é dever do poder público, através de suas entidades constituídas, avaliar o impacto gerado por tal destino.
Acredito, com certeza, que essa avaliação será feita. Mas me adianto e pergunto: será que essa área, da antiga Fábrica Boyes, não poderia ter um destino mais adequado, no sentido de valorizar sua importância histórica e cultural, vinculando novos empreendimentos com os valores que o entorno do Rio Piracicaba nos proporciona, assim como está sendo feito com o Engenho Central? Isso, sim, me parece mais correto, agregador e interessante para cidade!
Ideias? Com certeza existirão muitas. Mas o mais importante é discutirmos qual modelo de cidade estamos querendo construir. Só gerar empregos, mesmo sendo necessário, não é suficiente para uma cidade que se pretende moderna, bem cuidada e, usando um termo atualíssimo, sustentável.
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Carlos Molinari, cidadão piracicabano.
“Shopping Mirante” − reflexões necessárias.
Acho necessárias e fundamentais algumas reflexões sobre esse novo empreendimento.
A famosa Rua do Porto, que deve e deveria ser uma das principais atrações turísticas da cidade de Piracicaba, está jogada a mosca. Segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira e nada acontece, uma vez ou outra, uma apresentação na sexta-feira, no Largo dos Pescadores, sábado e domingo festival gastronômico de um prato só. PEIXE. Gente, eu adoro peixe, principalmente o do Dezoitinho. É sensacional! Mas é muito pouco para uma cidade como Piracicaba.
Além de criar emprego, esse novo empreendimento vai revitalizar o local, é claro, que os bares que estão na Luiz de Queiroz vão ter de usar outros argumentos para manter a clientela cativa de hoje. Afinal a concorrência vai ser grande.
600 mil pessoas mês, significa 20 mil ao dia, dividido entre as 8 horas da manhã (quando entram os funcionários das lojas) até a meia noite (quando saem os funcionários das lojas). Tudo isso dividido em 16 horas. Não é tanta gente assim. Acho até um movimento pequeno se comparado com outros corredores comerciais e estabelecimentos correlatos.
Um hotel dessa grandeza faz tempo que Piracicaba aguarda, espero que junto, venham algumas salas multiuso para convenções, simpósios, seminários… Não há local mais apropriado, com arquitetura adequada do que a Fábrica Boyes para esse empreendimento. Vamos ganhar em turismo, vamos ganhar em impostos, vamos ganhar dinheiro, vamos ganhar uma nova realidade para a Rua do Porto. Quiçá possamos ganhar mais empreendimentos turísticos.
Vamos apoiar sim, vamos torcer por novos empreendimentos. Viva o Turismo!
Reinaldo Paiva – Um Brasileiro
Também li sobre o tema, porém na GAZETA DE PIRACICABA, e o que percebi foi que em momento algum foi apresentado as melhorias em vias publicas, e o “impacto” que tal empreendimento causará a sociedade.
Concordo acentuadamente que o local não é apropriado, também pela proximidade com o único Shopping de nossa cidade, e que pela magnitude da obra, possa ser construída em outra região, gerando empregos e desenvolvendo outras áreas.
Afinal somos uma cidade “cheia de flores, cheia de encantos”, e que preza por seus valores históricos e culturais.
Prezado Carlos Molinari,
Parabéns por trazer à luz uma questão tão relevante. Para além do dinheiro, que fica sempre concentrado nas mãos de alguns poucos, é preciso se levar em consideração os pontos que você tão bem levantou. Talvez erguer um novo shopping represente apenas fortalecer um modelo questionável de desenvolvimento. O desenvolvimento de uma cidade deve se pautar na construção do bem coletivo. Precisamos, acima de tudo, de desenvolvimento humano, atrelado à preservação da história e da cultura.
Cordialmente, Adelino
Não podemos aceitar como fato consumado!!! Tem muitos aspectos a serem esclarecidos e os mega numeros apontados são mera manipulação para que ninguem questione!
Ninguém faz a pergunta fundamental: será que precisamos de outro templo de consumo ? A resposta indica a justificativa, ou não, da ocupação.