Desde os anos Collor, a vida do brasileiro vem melhorando – pois nos ajustamos ao capitalismo global então proposto. Mesmo assim, um clima de insatisfação, uma falta de noção e perspectiva de futuro, falta de um algo mais ainda assolava a população brasileira.
Em maio de 1968, na Europa, a França também vivia momentos de expansão e pleno emprego quando lá eclodiu o movimento de protesto que ficou conhecido como Maio de 1968. No Brasil, em nosso Junho de 2013, uma rebelião na qual nossos cidadãos saíram do Facebook – onde “viviam” para a comodidade dos nossos dirigentes – e eclodiu nos centros das cidades do país. Eleitores que estavam em “porta-retratos,” paradinhos e sorridentes, levantaram-se das telas dos I-Phones, notebooks e outros meios e saíram às ruas manifestando contra as atuais políticas públicas.
Mudanças aconteceram – e âncoras de telejornais (habituados à mesmice e à ausência de debates por parte da população) ficaram perdidos com acontecimentos ao vivo que, há 3 meses, ninguém imaginaria, ninguém preveria. Muitas das pautas jornalísticas preparadas em especial para tratar da Copa das Confederações nunca foram ao ar (quem sabe daqui alguns anos divulguem como curiosidade essas pautas) – e que descansem em Paz!
Em Do Contrato Social, de Rosseau, lemos que o governo “exerce um esforço incessante contra a soberania.” Por outro lado, nossos políticos e muitos líderes entendem que, oferecendo bem estar, o cidadão não precisa de mais nada. Assim, torna-se perigosa em épocas de expansão econômica uma volta à aristocracia, a governos tirânicos que se colocam acima das Leis. Nossos políticos não admitem que são um corpo político, julgam-se Faraós(intimamente, no momento de sua morte, talvez desejem matar seus assessores e funcionários de gabinete para que esses, morrendo, possam vir a servi-los na Eternidade).
Todo corpo – político ou humano – começa a morrer já ao nascer. Tanto um como outro pode ter uma compleição robusta e uma boa constituição que, mesmo assim, um dia, acabará morrendo. A História nos mostra isso, afinal igualmente não chegaram ao fim os poderosos impérios egípcio, romano, chinês, o 3º Reich e tantos outros – democráticos ou não, laicos, fundamentalistas ou não? Sim, todos os corpos um dia morrem.
Toda mudança pode ser desconfortável, porém o corpo político nacional vive de maneira incompatível com os cidadãos e não vê a sua verdadeira face. E as faces rebelaram-se. Numa rebelião é impossível uma ordem, há clamor nas ruas. E até nisso o movimento de Junho de 2013 foi interessante: ele aconteceu nas as ruas e não praças, como cantou Castro Alves… Interessante, pois uma rua lembra movimento, direção, caminhar.
O clamor foi contra os que se perpetuam no poder – autoridades usurpadoras, mas constituídas pelas eleições, é claro. Políticos que, eleitos, deveriam lembrar que são consequência de uma lei (o ato legal que dá legalidade ao ato de votar e ser eleito) e deveriam exercer com competência sua função. Essa função é que nosso Junho de 2013 está exigindo: que todos os políticos exerçam bem a função para qual forma legitimamente eleitos.
Passadas algumas semanas do início do movimento, entendo que existe um recuo tático – e afirmo que o mais bonito está por vir. Nesse recuo, surgirão os líderes; as manifestações Laisses faire darão lugar a lideranças democráticas, com novas perspectivas que formam novos objetivos. Novas lideranças surgirão com destaque, oxalá, influenciando positivamente os cidadãos, nos lembrando temas como “sair do comodismo,” pluralidade e noção de futuro.
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Erico Bisson é advogado e comerciante
Parabéns pela reflexão exposta, reflete bem a atual conjuntura, espero que esteja certo quando prevê que o melhor esta por vir, é o que todos desejamos, lideres que realmente intentem ao progresso de nosso povo.
como diz a musica dos titas:
A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte,
etc.
o Brasil é um país inexplicável, tem tudo para dar certo, só falta alguém para dirigir.