A Câmara de Vereadores de Piracicaba realizou no último dia 28 de abril uma Audiência Pública sobre Cultura que contou com a presença de representantes de 18 movimentos culturais, do secretário da SEMACTUR – Adolfo Queiroz – e do secretário de governo, Carlos Beltrame. Idealizada pela Comissão de Educação, Esportes, Cultura, Ciência e Tecnologia da Câmara – da qual sou presidenta e da qual também fazem parte os vereadores Thiago Ribeiro (relator) e Zezinho Pereira – a atividade, que foi aprovada em requerimento por todos os vereadores e vereadoras de nossa Câmara, contou também com a presença das vereadoras Silvia Morales e Ana Pavão e dos vereadores Pedro Kawai, Paulo Camolesi e Sérgio da Van.
Por mais de duas horas e meia, a Câmara deu voz a artistas e fazedores de cultura de nosso município – os quais, via de regra, em suas falas e colocações, apontaram (dentre tantas pautas fundamentais) o silenciamento e o descaso com o qual foram tratados ao longo das últimas duas décadas! Nesse sentido, manifestaram-se também em relação às necessidades que acometem o setor da cultura em Piracicaba – cuja penúria foi ainda agravada pela pandemia – e solicitaram que ações emergenciais e de socorro aos artistas de todas as áreas sejam oferecidas com a máxima celeridade pelo poder Executivo do município.
Nessa trilha, revelou-se de maneira geral na fala de todos e de todas a preocupação com os rumos a serem tomados pela SEMACTUR e Prefeitura que – já passados os cem primeiros dias de governo – praticamente não deram início a nenhuma atividade no setor, estando ainda bastante atrasados na finalização de um plano de trabalho efetivo para a área (o qual, diga-se de passagem, era obrigatório que já estivesse pronto antes das eleições). Cabe destacar também a cobrança desses artistas e fazedores de cultura para que sejam obedecidas pela SEMACTUR e por seu secretário as determinações do Plano Municipal de Cultura – bem como sejam preservados e conservados os equipamentos pertencentes à pasta, tais como a pinacoteca, a biblioteca municipal e demais prédios públicos.
Para além de podermos ouvir sobre as urgências de cada movimento e de se poder dialogar em viva voz com eles e com os representantes do poder Executivo – cobrando deles atitudes imediatas e propostas que atendam a um plano de execução de políticas públicas para o setor –, essa audiência pública, ao dar vez e voz aos artistas dentro da Câmara, destacou também a força e a potência inerentes aos artistas e fazedores de cultura de Piracicaba. Num painel feito de vozes variadas, multicoloridas, multifacetadas e, por isso, multiculturais, esses e essas fazedores e fazedoras de cultura – juntos e juntas – mostraram à cidade e a seus gestores que a área da cultura em Piracicaba – bairrismos à parte – tem dimensão imensamente bela e rara quando comparada às demais cidades do interior de São Paulo e, por que não dizer, do Brasil. E que, mesmo desamparados em sua maioria, seguiram eles e elas em frente – de maneira voluntariosa – ante aos desafios que a falta de políticas públicas para a cultura, na cidade, sempre lhes impôs.
Por isso, é imperativo para nossa Comissão, na Câmara, seguirmos cobrando do poder Executivo o acolhimento imediato desses e dessas artistas. Do mesmo modo, é imperativo seguir nesse diálogo ora aberto, buscando-se auxiliar a todos e todas envolvidos e envolvidas na cultura da cidade. É imperativo também exigirmos para a cultura local políticas públicas efetivas, democráticas, plurais e igualitárias – e que possibilitem que os fazedores e fazedoras de cultura possam exercer seu potencial artístico com a dignidade e o respeito que merecem. Entendemos, por fim, que é preciso fazer com que um novo tempo se abra no universo da cultura piracicabana – sob pena de, se nada for feito, vermos morrer à míngua uma força humana e motriz inigualável, capaz de fomentar – de maneira única e bela, por meio da arte – mudanças sociais fundamentais para o desenvolvimento de nossa gente e de nosso município.
Assim, e ao lado dos e das artistas, seguiremos nós – juntos e juntas – firmes em nosso empenho em prol das artes e da cultura local. E, por assim ser, afirmamos que a Audiência Pública agora realizada será apenas a primeira de tantas outras que virão ao longo dos próximos quatro anos. Atentos e atentas, nos comprometemos a cobrar do poder Executivo o que lhe cabe para que os fazedores e fazedoras de cultura em Piracicaba – e valho-me aqui de uma expressão de Paulo Freire – possam continuar a, com dignidade e melhores condições de trabalho, “dar mais beleza à beleza que há no mundo”.
(Foto de capa: @alexandre bragion: muro da Escola Bauhaus, Piracicaba, pintado pelo artista Diógenes Moura).
Rai de Almeida é vereadora pelo Partido dos Trabalhadores (PT).