De acordo com uma pesquisa recente, há cerca de meio milhão de Fábios espalhados pelo Brasil. Quer dizer, espalhados em outras cidades, porque, aqui em Piracicaba, o que há é uma concentração, a maior concentração de Fábios por quilômetro quadrado que eu já vi.
Sobre esse acúmulo anormal, que transforma Pira em uma Fabiolândia, a pesquisa nada diz, mas, além de mim, alguns Fábios já perceberam o fenômeno e propuseram teorias a respeito de sua causa.
Ao contrário do que muitos imaginam, a predileção municipal pelo nome não surgiu com o sucesso dos atores Fábio Assunção ou Fábio Júnior, embora possa ter se acentuado por esse motivo. Sim, os brasileiros costumam dar nomes de atores e personagens de novela a seus filhos. Graças a “Selva de Pedra”, telenovela de 1972/73, as escolas primárias do país todo receberam, no fim daquela década, muitos Cristianos e Simones, pequenos xarás dos protagonistas da trama.
Visto que a maioria dos Fábios de Piracicaba nasceu antes de Fábio Júnior ser famoso e está beirando os quarenta, causas nacionais não explicam o mistério. Resta procurar motivos locais.
Agora, veja bem, não é que Piracicaba tenha mais Fábios que Josés, nem que chegue a ter tantos Fábios quanto o Nordeste tem Severinos e Raimundos Nonatos. O fenômeno aqui é mais discreto. Os piracicabanos mal o percebem, da mesma forma como também não percebem que a cidade deve ser recordista estadual em número de escadas espalhadas pelas ruas e carros circulando com escadas em cima. Pira é assim, cheia de escadas e Fábios por todo canto.
Severinos e Raimundos Nonatos existem no Nordeste por uma questão religiosa. Da mesma forma que, em Itamaracá – PE, é comum dar a gêmeos os nomes “Cosme” e “Damião”. Tão comum que, se as crianças gêmeas forem meninas, seus nomes serão “Cosma” e “Damiana”. Até os filhotes gêmeos de peixe-boi-marinho do aquário iam receber esses nomes, mas nasceram fêmeas e o apelo da TV venceu. Tornaram-se Carla e Sheila, em homenagem às dançarinas do grupo É o Tchan.
A mais plausível das teorias sobre as escadas diz que a cidade está crescendo e prosperando, o que movimenta a construção civil, aumentando a presença de escadas nas ruas. Já quanto aos Fábios, há quem garanta que, por volta de 1970, um certo Dr. Fábio, obstetra gentil, competente e bem-apessoado, trabalhou em Pira. Ninguém soube me dizer o sobrenome desse médico, mas afirmam que várias de suas pacientes deram seu nome aos filhos.
Os pais dos Fábios não gostam muito dessa versão e dizem que tudo não passa de coincidência, afinal “Fábio” é o vigésimo quinto nome mais popular no Brasil. Eu, que sou de fora e atendo uns cinco Fábios ao telefone todos os dias, continuo curiosa. Quem tiver uma teoria melhor ou souber se existiu mesmo esse lendário Dr. Fábio, por favor, me conte.
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Carla Ceres é escritora
Meu irmão Fábio vai adorar esse texto… 🙂 Beijos, Carla!
Manda o link pra ele, Érico. Abraço pra vocês e pra família toda! 🙂
Carla, eu mesmo trabalho com vários Fábios e Fábia, além de Fabíolas, nomes próprios e tão comuns. Mas conheço um mais comuns dos comuns e muito próprio, é o José Severino Manuel Joaquim fábio da Silva, mas o homem é baixinho e valente. Brincadeira, é tudo mentirinha. Abção Carla, de nome tão especial e antes de te conhecer pessoalmente já confundi vc com a dançarina e modelo, tudo pela diferença de um P.
kkkkkkk Muita gente confunde, mas eu explico que a Peres é a loira. 😉 Abração, Camilo!
Gosto de escrever de vez em quando e ao ouvir na Radio Educativa Piracifabia cheia de escadas e depois de duas cervejinhas escrevi.
Fabio me chamo e outros também o fazem.
Assim como outros, em Pira nasceram, ainda nascem e vez por outra aqui, jazem.
Importante dizer que como outros, historias,cicatrizes na vida todos trazem.
Comum ou Incomum, somos todos parte de Piracicaba, para ela paisagem.
Como nessa terra tudo é encanto.
As vezes canto Piracicaba te adoro tanto.
Tanto que não importa, por qual nome me chamam,
Se me chamarem de Piracicabano, já é sinal que um pouco me amam.