Piracicaba como espaço de todos – por Adelino de Oliveira

Piracicaba como espaço de todos – por Adelino de Oliveira

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Pensar uma cidade voltada aos interesses da coletividade, ao bem comum, desponta como o grande desafio do contemporâneo. A urbe, o espaço urbano, que foi politicamente concebida para privilegiar o encontro, a integração e a convivência, enfrenta talvez sua maior crise. Temas diversos, profundos no campo dos direitos sociais, políticos e civis despontam como problemas urgentes a serem equacionados.

Torna-se imperativo o pensar político, a conjecturar, articular, propor novas ideias e possibilidades para a vida em sociedade. A política em um sentido genuíno, filosoficamente compreendida como a arte de organizar a cidade visando, sobretudo, o bem coletivo. Eis o ponto fundamental: construir a cidade como o espaço de todos.

Esse poderia ser também um ousado projeto para a bela Piracicaba. Em um cenário tão carente de referências e perspectivas políticas, seria muito sugestivo contemplar uma Piracicaba a se elevar como exemplo de urbe, resgatando o significado mais forte e original do fazer político. Mais do que arregaçar as mangas, em um gesto demagógico de mera ação, é preciso centrar ideias, ponderar caminhos, vislumbrando outras dinâmicas políticas.

Há um projeto imprescindível a se construir: uma Piracicaba como espaço de todos. O princípio básico, norteador, deve ser a justiça social, articulando situações a promoverem a igualdade de oportunidades.

Abrindo para conjecturas políticas ou mesmo para simples devaneios utópicos, talvez em Piracicaba, cidade de médio porte, com forte potencial econômico, que ainda preserva traços, características interioranas, seja possível inovar, criando novos parâmetros políticos para tantas áreas essenciais e críticas – educação, habitação, segurança pública, saúde, mobilidade urbana etc. Repensar a lógica das questões sociais em chave complexa, articulando toda a sociedade em um amplo movimento político de autêntica renovação.

É preciso representar o perfil das próprias lideranças políticas, a se revelarem aptas e qualificadas para conduzirem um intenso processo de transformação social. Talvez aqui seja imprescindível a representação do autêntico líder, portador de múltiplas competências, todas colocadas a serviço do desenvolvimento da cidade. Não bastam boa vontade, nem oratória cativante, é fundamental o preparo técnico e teórico, alinhados à habilidade da articulação ética, política. Assim, as lideranças políticas devem estar menos implicadas com autopromoção e mais voltadas aos interesses do bem coletivo.

Faça-se fundamental ressaltar que Piracicaba já se constitui como cidade pujante, com múltiplos talentos, tantas possibilidades pronunciado pendor para a arte, em um ambiente que pode se abrir sempre mais para a diversidade cultural e étnica. Mas ainda há muito a se construir para que Piracicaba possa se erguer, despontar como um celeiro de novas perspectivas políticas, a fomentar, aglutinar verdadeiras, ousadas e amplas práticas de promoção social, rompendo com todo tipo de exclusão. Oxalá, possamos contemplar uma Piracicaba que se revele como o lugar da plena cidadania, o espaço de todos, a resgatar as possibilidades da política, como arte de bem governar.

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Adelino Francisco de Oliveira pós-doutorando pela ESALQ e professor universitário.

 

4 thoughts on “Piracicaba como espaço de todos – por Adelino de Oliveira

  1. Lucidez, talento e postura corajosa para descrever o momento que estamos vivendo.
    Sensibilidade para a justiça social, uma vida justa e digna para todos. E que o progresso só acrescente para que isso se viabilize, não exclua. Não é o principal? O mais virá naturalmente.
    Parabéns, professor Adelino.
    Aguardo, sempre com boas expectativas suas reflexões e ponderações. Elas me acrescentam.
    Abraço.

  2. Olá, querida Zilma Bandel,

    Você é sempre tão afetiva e generosa com meus textos…rs. Obrigado!

    O tema de se repensar a política desponta mesmo como fundamental. Para continuarmos vivendo em nossas cidades, precisamos reorganizá-las de maneira a incluir a todos… É muito bom saber que compartilhamos dos mesmos anseios políticos.

    Fique bem!

  3. Olá professor, que satisfação ler mais um excelente artigo, falar em Políticas Públicas é necessário, dirira que arte e cultura dependem essencialmente delas para a transformação social, agradeço pelo artigo e vou divulgá-lo no CoMCult, para que mais pensadores culturais posam refletir e colaborar na articulação e possível renovação no movimento politico municipal.

    Grande Abraço

  4. Querida Rosângela Pereira,

    Estimo que esteja bem!

    Que bom encontrá-la no espaço do Diário do Engenho. Interessante seu comentário, pois quando estava compondo o texto, pensava concretamente no tema da arte e no Guarantã…

    Com cordial amizade.

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