Goste o leitor ou não do ex-presidente Lula, faça o leitor parte ou não do grupo dos lulistas de carteirinha, fato é que o dia de ontem – 8 de novembro – entrou para a história do país. Colocando-se de lado as questões que estão na base do jogo político da prisão e da soltura de Lula e centrando-se o olhar na reação que Lula ainda provoca nas pessoas, a comoção popular diante da saída dele da cadeia é algo que impressiona muito pela sua imensa adesão – e equivoca-se aquele que, norteado por suas preferências políticas, despreza tal reação popular ou a diminui. O efeito que Lula é capaz de causar nos brasileiros é único até agora – e nenhum outro político, da esquerda ou da direita, conseguiu se aproximar dele nesse sentido. E o “efeito Lula” – chamemo-lo assim, não se restringe apenas ao plano da comoção popular.
Após ser solto, Lula (o efeito Lula) em poucos minutos foi capaz de reacender uma chama de esperança naqueles que – assolados pela força bruta, pela burrice, pela bizarrice, pela maledicência e pelos ataques do desgoverno de Bolsonaro e seu clã – encontravam-se desamparados e sem um líder que fosse capaz de enfrentar com alguma potência o mal que corrói o país. Haddad tentou, mas não conseguiu – e suas afirmações e seus debates pouco ou nada causam de comoção nas pessoas. Ciro, então, parece legado já a um ostracismo fruto de sua sempre flutuante posição política e seu posicionamento agressivo e esvaziado de sentido (talvez agora, com Lula solto, Ciro resolva se aproximar de Lula novamente. É esperar para ver). Marina, muito menos – por onde anda Marina? Apenas o PSOL e seus deputados é que exercem até o momento uma oposição guerreira e fundamental no combate ao projeto de destruição do país. Porém, o esforço do PSOL ainda é, infelizmente, de pouco alcance no plano nacional e no coração do eleitorado de esquerda do Brasil.
Em poucas horas, com Lula solto, o efeito Lula foi capaz de fazer com que parlamentares da base governista no Congresso e no Senado começassem a planejar uma estratégia de mudança nas leis, no Constituição ou no Código Penal a fim de reverterem a letra da lei sobre a qual legislou o STF ao indicar a soltura de réus mesmo após condenação em segunda instância. No governo, a ordem era não comentar a liberdade de Lula – mas o próprio presidente escorregou, como sempre, e disparou “não deem munição ao canalha”. Enquanto isso, jornais e políticos do mundo todo saudavam a liberdade de Lula – com convites para que Lula visite países no estrangeiro. Nas redes sociais, uma enxurrada de memes lavou a alma Lulista e mesmo progressista. Intelectuais, artistas, pensadores e tantas outras figuras de peso saudaram Lula em vídeos curtos e em declarações emocionadas. O efeito Lula está na praça outra vez – pondo medo nos bolsonaristas e enchendo de alegria, esperança e amor àqueles que querem ver de volta um Brasil mais justo, mais igualitários, mais inteligente, mais cultural, mais humano e mais Brasil.
Mas não nos enganemos. A liberdade de Lula corre na corda bamba e está sempre por um fio neste Brasil de exceções e milícias. No entanto, e por incrível que possa parecer, fato é que após 2 mandatos na presidência, após 580 dias preso e aos 74 anos de idade, a história de Lula parece estar ainda começando.
Recuperemos a esperança em dias melhores.
Lula Livre!