Chegamos a mais um dia 10 de dezembro, dia Internacional dos Direitos Humanos. Data importante na qual o mundo celebra os esforços das nações em por um fim a todo tipo de discriminação, de racismo e de violência contra a humanidade. A data, definida pela Organização das Nações Unidas, remete ao dia em que – no ano de 1948 – exatamente 58 nações assinaram em Assembleia Geral a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Além disso, e tomando também como marco histórico a paz conquistada com o fim da Segunda Guerra Mundial, é ainda no dia 10 de dezembro que a ONU entrega, anualmente, o Prêmio Nobel da Paz.
No Brasil, na contramão do mundo, a expressão “Direitos Humanos” ganhou há alguns anos uma deformidade provocada intencionalmente por grupos “desumanos” que bestialmente pregam a violência como forma de se fazer justiça. Eivados de ódio, calcados na lei da bala e difundindo expressões fascistas – tais como “bandido bom é bandido morto” – esses grupos ganharam voz nas redes e mídias sociais (escorados também na ignorância e no desconhecimento da população acerca das questões que orbitam no universo que envolve a segurança pública no Brasil) e deturparam e enfraqueceram, em parte, para os brasileiros, o significado maior que a Declaração Geral dos Direitos Humanos simboliza e representa, apregoando que os Direitos Humanos só existem para “passar a mão na cabeça de bandidos”.
Surpresa? Nenhuma. Afinal, nada parece mais distante do que prega a Declaração Universal dos Direitos Humanos do que o Brasil de Bolsonaro e da extrema direita enredada hoje no poder federal, em alguns estados e mesmo em muitos municípios. Lamentavelmente, o que vemos neste 10 de dezembro no Brasil é um retrocesso medieval que nos coloca enquanto nação numa posição vergonhosa diante do mundo – haja vista que, por exemplo, cada vez mais eclodem pelo país um sem-fim de casos de racismo que, não raros, levam os irmãos e as irmãs negras à morte diária nas comunidades, nas ruas (e até mesmo dentro de supermercados e outros estabelecimentos comerciais) e nas mãos daqueles que deveriam ser os responsáveis pela segurança da população.
Como se não bastasse o não combate ao racismo estrutural no país, Bolsonaro e seu vice ainda negam publicamente que, no Brasil, exista racismo. Como se não bastasse isso, é na véspera do Dia Internacional dos Direitos Humanos que o governo Bolsonaro retirou impostos para importação de revólveres e pistolas – facilitando a compra de armas no país e dificultando o rastreamento de quem as usa. Como se não bastasse isso, foi ainda no começo desta semana que o governo Bolsonaro – após deixar vencer contratos – suspendeu exames de genotipagem no Sistema Único de Saúde (SUS) para pessoas que vivem com HIV, aids e hepatites virais. Como se não bastasse tudo isso, foi no dia de ontem que Bolsonaro riu com escárnio em vídeo divulgado nas redes, fazendo voz fina ao dizer “estou com Covid-19”, ridicularizando os quase 180 mil mortos pelo vírus no Brasil. Um descalabro. Uma desumanidade!
Assim, é fato que diante dos que estão no poder, nunca foi tão importante no Brasil se fazer celebrar o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Nesse sentido, e diante de tantas atrocidades as quais nossa população vem sendo submetida, reverenciar o dia Internacional dos Direitos Humanos é em si um ato de resistência. Por isso, celebremos! Por isso, vibremos nossas melhores energias e desejemos que nossa nação se inspire no paz que a data de hoje nos remete e tenha forças e sabedoria para mudar a sua história. Não há mal que dure para sempre e é preciso acreditar que mudanças benéficas são possíveis – e que cabe a cada um de nós lutarmos, sempre, por uma nação justa, humana, democrática e igualitária. Saibamos todos: é preciso mudar o Brasil.
Que o dia de hoje seja, assim, essa inspiração que o país precisa para, muito em breve, por meio do voto, voltar a se orgulhar de si mesmo e fazer as pazes com a paz mundial e com os preceitos fundamentais que a Declaração dos Direitos Humanos hoje celebra.
Rai de Almeida é advogada e vereadora eleita pelo Partido dos Trabalhadores para o mandato de 2021-2024.
Parabéns Rai pelo artigo. Muito bom. Sintetiza o papel da direita contra políticas publicas e a imoralidade de um desgoverno eleito pela ignorância.