Maneco Mandi

Maneco Mandi

Mandi e sorocabinha

Conheci “Maneco Mandi” e, durante um pequeno período de tempo, mantive contato mais próximo com ele (na época da exposição de seus quadros). Não era piracicabano, era de Anhembi, mas aqui viveu e morreu em 12 de março de 1987.

Manoel Rodrigues Lourenço (Mandi, como era chamado), juntamente com o companheiro Olegário José Godoy, formou uma das primeiras duplas sertanejas do Brasil: “Mandi e Sorocabinha”, tudo isso apadrinhados pelo folclorista e empresário sertanejo (o primeiro do Brasil) Cornélio Pires.

Maneco viveu em Piracicaba e continuou a parceria por mais dois anos, até 1938. Depois, a dupla se separou, pois “Sorocabinha” foi morar em São Paulo. Juntamente com o companheiro, fizeram as primeiras gravações de musica sertaneja no Brasil e durante a carreira gravaram mais de 64 discos pelas gravadoras Columbia, RCA Victor, Odeon e Parlophon. Juntos, participaram do filme “Vamos Passear”, em 1939. Algumas das músicas da dupla são hoje consideradas documentos históricos, por tratarem de temas políticos da época.

Quando criei a Galeria Colombo, à primeira galeria particular de Piracicaba não ligada a órgãos públicos, idealizada para promover os talentos e os novos talentos de nossa amada Noiva da Colina, tive a honra de expor as obras do mestre Manoel Rodrigues Lourenço (Maneco Mandi), o pioneiro na gravação da música raiz.

Localizada na Rua Prudente de Moraes Barros, no subsolo do Clube Cristóvão Colombo, a Galeria Colombo, durante anos, além de expor grandes talentos da nossa terra, trouxe ainda grandes críticos das artes plásticas para Piracicaba, para apreciar os trabalhos dos que aqui expunham.

A genialidade de Manoel Rodrigues Lourenço esteve em evidência com a apresentação de sua pintura, para os olhos do público piracicabano e dos visitantes de outras urbes, que frequentavam nossa galeria de arte.

Não sei se foi um encontro de momento ou um momento de encontro, sei que não foi uma felicidade de momento, mas momentos de felicidade que  registrei em minha lembrança. Com certeza, foi algo inesquecível ter encontrado um mestre da música e do pincel.

Fecho essa lembrança com o título de um de seus discos, gravado em 1931, pela gravadora Columbia: “Sodade do tempo véio”.

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João Carlos Teixeira Gonçalves é professor dos Cursos de Comunicação da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP).

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