Vivemos tempos duros demais! Tempos de exceção. Tempos de violência e atentados contra os direitos humanos e contra a cidadania. O triste saldo com que o dia de ontem, 14 de março, se encerrou o coloca na história do Brasil como um dos emblemáticos dias do calendário de luta contra a opressão ao povo – especialmente contra a opressão aos mais pobres e carentes. O dia 14 de março não nos deixou nem dos deixará passar ilesos pelo tempo presente: tempo de sangue, de força militarizada nas ruas, tempo da crueza torpe e covarde de assassinatos às claras de líderes políticos que lutam pelo direito e pela segurança dos mais necessitados.
Ao fim da tarde desse 14 de março sangrento, vídeos e fotos do espancamento de professores da rede pública de São Paulo – em manifestação pacífica na Câmara dos Vereadores da cidade – estamparam as redes sociais e chocaram àqueles que se preocupam com o país, com a educação e com os direitos dos trabalhadores. Nas imagens veiculadas por inúmeros internautas, a truculência das “forças policiais” sangrando os rostos, os corpos e a alma de professores que lutavam pelos seus direitos, que lutavam contra o desmantelamento da carreira e da profissão que tenta ser impetrado pela atual prefeitura de São Paulo e por quem, pasmemos!, está se lançando a candidato a governador do estado! Mais uma vez, o professor paulista/paulistano é tratado como lixo por determinadas forças políticas paulistas/paulistanas.
Ao início da noite, outra terrível notícia: o assassinato da vereadora Marielle Franco (do PSOL), na cidade do Rio de Janeiro. Executada a tiros dentro de um carro, no bairro do Estácio, no Rio, Marielle – que, na câmara carioca, era a relatora da Comissão que acompanhava as ações de intervenção militar no Rio – estava denunciando aos quatros ventos os crimes praticados pela polícia contra jovens da favela de Acari – entre outras. Atuante, militante, valente, guerreira, Marielle era, na câmara, de fato, a voz daqueles que a elegeram e viam nela uma das poucas forças capazes de denunciar e lutar contra a opressão sofrida diariamente pela população negra, pelas comunidades dos morros do Rio, pelas mulheres e por todos aqueles que, no voto em Marielle, depositaram e depositavam suas esperanças em verem dias melhores para todos.
O sangue que estampou as postagens nas redes sociais de ontem e de hoje ainda não ganharam, por outro lado, o devido destaque na chamada “grande” imprensa do país. A execução de uma vereadora como Marielle e o ataque brutal à integridade física dos professores de São Paulo “parariam as máquinas” (para usar um antigo jargão jornalístico) em qualquer país em que a imprensa revelasse ter um pingo de bom senso, de humanidade e de descompromisso com as forças opressoras que governam o país. Mas, lamentavelmente, não temos por aqui essa imprensa.
A hora é, caros leitores, de paralisação! A hora é de manifestação! O país deveria parar para render homenagens aos professores de São Paulo e, mais ainda, a brava Marielle – mulher a pagar com a própria vida pelo direito de se posicionar politicamente contra os desmandos que assolam o país.
Berremos contra a violência! Berremos contra a opressão!
Nossas mais do que sinceras homenagens aos professores de capital paulista e à vereadora Marielle Franco!
Obrigado por vocês existirem!
Diário do Engenho.