A crise do Covid-19 tem avançado, produzindo múltiplas mazelas e deixado muita tristeza. O número de mortes já é aterrador e a velocidade do ciclo de contágio, que já alcança milhares de pessoas, apenas aponta que nosso drama ainda será muito pior e bem mais doloroso. Quantas vidas irão se perder? Com a flexibilização do isolamento social horizontal o quadro se agrava e as estimativas passam a ser desesperadoras.
Neste cenário de terra arrasada, não bastasse a hecatombe provocada pela pandemia do novo coronavírus, o governo insiste em avançar com sua política de morte, jogando o povo brasileiro no mais perverso desamparo. De um lado está o vírus letal, que ganha terreno contra a população, que se vê alijada de uma política pública de saúde mais efetiva. De outro lado, o mesmo governo ausente e sem iniciativas significativas no campo da saúde, age vorazmente, com muitos projetos para retirar direitos, aprofundando os níveis de pobreza, ao mesmo tempo em que promove a devastação ambiental.
Na necropolítica que está em curso, não há lugar para a juventude. Vistos como mão de obra a ser explorada, aos jovens sobra um futuro incerto e desalentador. Em uma realidade de destruição das instituições públicas de ensino, visando a privatização da educação, e sem perspectivas de emprego formal, em um contexto no qual não há mais garantias nem direitos, o jovem, ao mirar o seu olhar para o horizonte, depara-se com um angustiante vazio. Não há nada para o jovem, nem para ninguém, no futuro ultraliberal.
A guerra declarada contra a educação, contra a cultura, representa a negação de um futuro pleno em possibilidades para os milhões de jovens brasileiros. Este sempre foi o projeto deste governo, mais ou menos velado, que agora passa a ser declarado, sem nenhum pudor nem constrangimento. A sociedade já não mais debate o Estatuto da Juventude e a potência que a vida juvenil deveria ser. Contam-se migalhas, em um país que se perdeu em uma catastrófica distopia política.
O Brasil encontra-se diante de uma grande encruzilhada, correndo o sério risco dese perder ainda mais no obscurantismo da barbárie, submergindo no neofascismo. Em outra perspectiva o país também pode recompor o caminho da civilização, afirmando a democracia, o direito, a justiça. Estamos diante de um duro momento da luta política. A extrema direita, com seu projeto ultraliberal de morte, quer aprofundar o golpe contra a democracia, impondo seu projeto neofascista de sociedade, onde não há lugar para os jovens. Diante deste quadro trágico, torna-se fundamental o engajamento de todas as pessoas comprometidas com os princípios de justiça, direito, solidariedade e cidadania.
De maneira paradoxal, as esperanças de um novo tempo encontram-se, sobretudo, na juventude, com sua impetuosidade crítica e sua irreverência transformadora.Não podemos descuidar nem esmorecer. A militância engajada dos jovens em torno de uma concepção de sociedade livre de todas as formas de racismo e preconceito fará a diferença para o lado da afirmação de uma democracia de alta intensidade.
Nas ruas e nas redes sociais os jovens se revelam portadores da boa notícia, que aponta para uma profunda transformação social. Atenta ao chamado da história, entregando-se, com generosidade e criticidade, à luta política, a juventude avança, empunhando a bandeira da liberdade e da igualdade. Os jovens podem ser o grande Pêndulo de Foucault, a dar o salto para uma nova sociabilidade. Agora é fundamental o engajamento e a militância. Coragem e o coração aberto não lhes faltam. Vamos juntos, com esperança sempre.
Adelino Francisco de Oliveira é filósofo, professor no Instituto Federal campus Piracicaba e pré-candidato à prefeitura da cidade de Piracicaba pelo Partido dos Trabalhadores.