Doutor Hiroaki Torigoi poderia ser hoje um médico atendendo na periferia de Piracicaba – dando atenção à população que de tudo precisa. Hiroaki poderia ter atendido neste domingo – 31 de março de 2019 – àqueles que comparecessem ao pronto-socorro, vítimas de viroses, acidentes de trânsito, infartos, AVCS. Hiroaki Torigoi poderia ser um respeitado médico que atendesse em seu consultório particular pessoas aflitas que pudessem ou não pudessem pagar pela consulta. Hiro poderia ser um democrata. Hoje, seu nome é o de um viaduto.
Em 1972, a ditadura civil militar assassinou Hiroak Torigoi – aos 27 anos. Ele foi estudante de medicina até entrar na clandestinidade contra a ditadura.
Nesse domingo, 31, sua morte foi lembrada por defensores da democracia e dos direitos humanos em Piracicaba – defensores esses que estenderam uma faixa sobre o viaduto que leva seu nome (e que, num paradoxo tenebroso, ergue-se por sobre a avenida que, de maneira contrastante, homenageia o golpe de 64 e a ditadura que matou Torigoi).
Essas são as imagens do domingo – em manifestação pela democracia, em luta para que nunca mais uma ditadura se sobreponha ao estado democrático e de direito, e em lembrança a Hiroaki Torigoi.
(Texto e fotos do jornalista Wanderley Garcia).
