A doença do populismo de esquerda ou de direita parece ser um câncer que cada vez mais estende suas metástases pelo corpo debilitado das sociedades política e intelectualmente enfraquecidas. No Brasil dos tempos atuais, em específico, o populismo de extrema direita do novo governo galopa em campo livre e a céu aberto, ao sabor do vento e dos aplausos encorajadores da massa ignorante que o elegeu.
Passados mais de 15 dias de sua posse, o novo presidente do Brasil e sua corte de notáveis ainda não promoveu nada de absolutamente concreto ou positivo no que toca a novas propostas no campo da educação, da saúde, da economia, das relações internacionais, do meio ambiente ou mesmo da segurança pública (uma das principais bandeiras de campanha do presidente).
A tática populista do governo, até o momento, tem – ao que parece – se inspirado nas estratégias igualmente populistas do americano Donald Trump. Quer dizer, agrada-se aos tolos com medidas ridículas e ineficazes, mas de grande cunho ideológico e de combate a tudo o que se liga aos governos anteriores (especialmente os do PT). Assim, lança-se uma imensa cortina de fumaça a cada dia e esconde-se debaixo dela a inépcia e o desconhecimento total sobre que rumos dar ao país.
Escolhida a dedo, a corte ministerial atual segue à risca a estratégia de seu líder maior e diariamente infla os noticiários e as redes sociais com anúncios e declarações extremistas e absurdas – as quais são, tão logo seja necessário, estrategicamente revistas e revogadas. Do anúncio de que o Brasil sairia do acordo de Paris (proposta essa felizmente já desfeita) às afirmações esdrúxulas da senhora ministra Damares (afirmações essas que vão desde a confissão de que conversou com Jesus no alto de uma goiabeira à de que as feministas são mulheres feias), as cortinas de fumaça agradam aos ignorantes (que vibram com elas) e desviam os olhos dos mais atentos das questões sérias que, de fato, deveriam fazer parte dos debates país afora.
Na tarde de ontem (15/jan.), uma das mais poluentes e venenosas cortinas de fumaça lançadas pelo governo acinzentou o verde e amarelo do Brasil – e manchou a sua história como poucas vezes se viu. Cumprindo promessa de sua campanha populista e voltada aos tolos eleitores, o presidente do Brasil baixou medida que facilita a posse de arma de fogo no país. Sob o olhar de aprovação de seu “superministro” Sérgio Moro, o presidente canetou a medida em ato midiático – medida essa a qual ele diz fazer parte da proposta de seu governo para o combate à escalada da violência no país. (Vejam vocês!).
Governando para os tolos, a grande proposta do governo Bolsonaro e de Sérgio Moro para a segurança no país é, assim, a de permitir que os cidadãos comprem armas para que, dentro de suas casas, possam supostamente se defender de possíveis ocorrências criminosas. Que dizer, o “bang-bang” caseiro é, até o momento, a grande sacada do governo contra o aumento da violência. Ora. Há de se ser muito tolo, muito ingênuo (para não se dizer outro adjetivo menos decoroso) para se acreditar que essa medida reduzirá qualquer índice de violência no país.
Pelo contrário. O que dizem os estudiosos (sérios, pesquisadores de gabarito, cientistas e outros) é que a medida não só não diminuirá a violência como tende exponencialmente a aumentá-la. Mas os tolos não querem saber disso. O que vale para eles é a sensação de que agora vão poder matar com as bênçãos da União e do presidente capitão.
Em meio ao aumento das ações da Taurus na bolsa de valores, é a bancada da bala – no congresso – quem agradece aos tolos. Governar para eles, ao que parece, será fácil. O difícil será resgatar o país, em breve, de sua completa ruína e falência social.
A temporada de caça está só começando.