“Eu sou a música” – por Fernanda Rosolem

Eu sou a música: das artes, a mais antiga. Eu sou mais que antiga, eu sou eterna. Mesmo antes de a vida começar nesta Terra, eu já estava aqui – nos ventos e nas ondas. Quando as primeiras árvores, flores e pastos apareceram, eu estava entre eles. E quando o ser humano surgiu, tornei-me imediatamente o veículo mais delicado, mais sutil e mais poderoso para a manifestação das emoções das pessoas.

Quando os seres humanos eram pouco mais que animais, eu os influenciei de forma benéfica. Em todas as eras, inspirei-os com esperança; inflamei seu amor; dei-lhes voz para suas alegrias; estimulei-os para realizarem valorosas façanhas e os consolei nas horas de desespero. Representei um grande papel no drama da vida, cujo o alvo e propósito eram a grande perfeição da natureza humana. Graças à minha influência, a natureza humana elevou-se, abrandou-se e tornou-se mais aprimorada.

Com a ajuda das pessoas, tornei-me uma Arte Superior. Possuo uma grande quantidade de vozes e de instrumentos. Estou no coração de todas as criaturas humanas e nas suas línguas, em todas as terras entre todos os povos. O ignorante e o analfabeto me conhecem, tanto quanto o rico e o erudito, pois eu falo a todos numa linguagem que todos entendem. Até os surdos conseguirão me escutar, se prestarem atenção às vozes de suas próprias almas.

Sou o alimento do amor. Ensinei aos seres humanos a delicadeza e a paz: e os conduzi na direção de feitos heroicos. Levo conforto aos solitários e concilio conflitos nas multidões. Sou um luxo necessário a todas as pessoas. Eu sou a MÚSICA. (Anônimo)

É uma pena que a autoria do texto acima esteja no anonimato. Quem o escreveu soube expressar-se magnificamente. Do grego musiké téchne, a palavra música tem como significado “a arte das musas.” Entre os povos mais antigos, os gregos são os mais adiantados em relação às artes, inclusive na música. Seu ensino era obrigatório e acreditavam que ela e os intrumentos musicais era presentes dos deuses.

Na Grécia Antiga, assim como a Filosofia e a Matemática, a música era de fundamental importância para a formação dos futuros cidadãos. Aristóteles, famoso filósofo grego, já chamava a atenção afirmando que ela tem tanta relação com a formação do caráter que é necessário ensiná-la às crianças.

Faz parte da natureza humana a interação entre as pessoas e o ambiente em que vivem. Para que essa interação ocorra, o ser humano utiliza diversos tipos de linguagem, dentre elas, a musical. Antropologicamente, as primeiras músicas destinavam-se à execução de rituais valorizados pelas sociedades e a manifestações da coletividade: nascimento, morte, casamento, entre outros. Ela também já foi utilizada pelos hebreus para fins guerreiros e religiosos. No Egito Antigo, por meio de escavações arqueológicas, também foram encontrados objetos que atestam atividades musicais.

O contato do homem com a cultura musical é iniciado desde cedo, seja através de uma canção de ninar, de uma cantiga de roda, de uma música para dançar ou de um jingle de uma propaganda na TV. As primeiras aproximações com os diferentes tipos de som acontecem ainda durante a vida intra-uterina. Como lembra Rubem Alves, “dizem que a razão por que se embalam as criancinhas em ritmo binário é porque durante nove meses ouvimos a pulsação binária do coração da mãe. O ritmo binário do coração da mãe se inscreve no corpo da criança como uma memória tranquilizadora.”

As formas sonoras são capazes de expressar e comunicar pensamentos, sensações e sentimentos. Sendo a música, portanto, uma linguagem universal que fala diretamente às pessoas, dispensando traduções. Não é à toa que muitos refletem sobre a importância da musicalização no desenvolvimento psíquico, motor, sensorial, criativo, afetivo, cognitivo e social das crianças.

Essa poderosa forma de linguagem, de conhecimento e de saúde constitui-se em um patrimônio cultural da humanidade. Uma produção artística e cultural é um modo do indivíduo compreender e marcar sua existência no mundo!

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A autora:

 

 

Fernanda Rosolem é jornalista, pedagoga, cantora e violonista. Apaixonada pelas palavras e pelas notas musicais, a autora dedica-se produzir, refletir e ensinar a “arte das artes”: a  música.

 

 

 

 

8 thoughts on ““Eu sou a música” – por Fernanda Rosolem

  1. A música sempre foi um remédio tranquilizador pra mim. Desde então, ninguém havia sequer inventado um nome pra isso. Até que um sabichão o chamou de “musicoterapia”. E não é de agora; desde que música é música, ela sempre foi terapia. Sem contar na arteterapia, um universo espetacular que além de música, envolve técnicas de artes plásticas e dança. Mas isso é história pra outro dia.
    Vim mesmo só confirmar o que você disse, Fernanda. A música é uma poderosa forma de linguagem, conhecimento e saúde. Se todos reconhecessem o valor da música, não sobrariam pausas no pentagrama da vida! Cantaria sem parar! Belíssimo seu texto, querida! Adorei. Beijos.

  2. Olá querida Fernanda! Não sou musicista nem toco qualquer instrumento, mas concordo que a musica é uma arte da qual nos tras beneficios ate para a saude, até mesmo pq acho que não deve existir pessoas que não apreciem alguma forma dessa arte. Alem disso venho dizer que sou feliz conhecer vc que é uma pessoas tão adoravel, será que é por conyta da Musica!?… Bjos

  3. Parabéns Fe, minha querida sobrinha.
    Belo texto, música é tudo, terapia, alegria, distração, diversão e paz, é uma mistura só de coisas boas…
    Indiscutívelmente você é apaixonada pela música….

    Sucesso!!!

    beijos

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