Há doze anos, o Diário do Engenho dedica-se a registrar e refletir sobre acontecimentos, posicionamentos e rumos que o país – e a cidade de Piracicaba, em especial – manifesta explícita ou implicitamente em sua vida social, cultural e política.
Sem fins lucrativos – sem receber auxílio financeiro ou mesmo apoio cultural de qualquer entidade, partido político, grupo ou governo – o Diário do Engenho mantém-se independente e autônomo em sua missão primeira que é a de fazer do jornalismo opinativo sério um instrumento de reflexão no universo muitas vezes – ou quase sempre – arenoso e falacioso da web.
Dada essa nossa natureza progressista e democrática, que nos forma e nos estimula a seguir na prática responsável de fazer deste espaço virtual um veículo de debates necessários – tanto no cenário nacional como no local – acerca de nossa história enquanto cidadãos, de nosso tempo passado e presente vivendo numa cidade (e em um país) ainda com configurações e estruturais políticas arcaicas – daí uma das referências ao “Engenho” que dá nome a este site –, não poderíamos deixar de trazer a público o debate sobre os 60 anos do golpe militar no Brasil, cujo marco nefasto se dará no próximo dia 31 de março.
Assim é que, numa parceria inédita com a jornalista Beatriz Vicentini – organizadora do livro “Piracicaba 1964: o Golpe Militar no Interior” e uma das principais pesquisadores sobre o tema – o Diário do Engenho publica a partir desta sexta-feira (15) uma série especial de artigos diários sobre os 60 anos do golpe e seus reflexos no interior.
A série – que será dividida em três fases – conta inicialmente com a contribuição de parte dos autores do livro organizado por Beatriz Vicentini. Numa segunda fase, virão a público artigos de colaboradores de nosso site, que com ele contribuíram intelectualmente ao longo dessa mais de uma década, e pesquisadores mais jovens que também têm se dedicado ao tema da ditadura militar. Finalmente, a série se encerra com uma sequência de depoimentos e artigos de caráter pessoal e que se estruturam a partir de sensações e memória subjetiva provocadas pela lembrança dos anos de chumbo em nossa cidade e na vida do interior.
Em tempos em que até mesmo líderes progressistas e o próprio governo federal vigente preferem relativizar e deixar sob o véu do esquecimento o dantesco marco de 60 anos no golpe, entendemos que nosso papel com essa série – ao se configurar ela, como pretendemos, como instrumento importante para professores e professoras, alunos e alunas, leitores e leitoras comuns, cidadãos e cidadãs em geral – grita aos olhos de todos e todas o mote maior que nos move nesse tema: “lembrar para não esquecer!”
Os editores!