E 2014 promete!

O ano mal começou a movimentar suas engrenagens de maneira mais ordenada e as primeiras peças do tabuleiro de xadrez sobre o qual serão jogados os próximos meses parece que já começaram a mostrar sua força. Entre um “rolezinho” e outro – em meio a uma ou outra trágica rebelião da população carcerária brasileira – os primeiros dias de 2014 já nos dão pistas de que, no Brasil, tempos ainda mais conturbados estão por vir. Não era para menos. Afinal, se já não nos bastasse estarmos em ano de Copa do Mundo por aqui, estamos também em ano de eleições (salientando-se assim a “incrível coincidência”: Copa do Mundo em ano de eleições para presidente! Oras!).

Sob o signo do número 13 (referente apenas a data 2013, certo?) o ano que chegou ao fim quebrou barreiras “nunca antes vistas na história deste país.” Bem ou mal, um grupo de importantes líderes políticos foi (bem ou mal) julgado e (bem ou mal) condenado por corrupção ativa e/ou passiva. Marco histórico a ser ponderado a partir de seus vieses políticos (que nos levam a desconfiar da essência e da lisura que envolveu todo o processo), o julgamento e a prisão dos chamados “mensaleiros” abriu, sim, um excelente precedente que – esperamos – precisa atingir igualmente a toda classe política brasileira a partir de 2014. E aí surge a primeira grande dúvida do ano: será que veremos, de fato, nosso judiciário ocupar-se também em julgar “mensalões” (e “trensalões”) dos mais variados partidos?

No cenário piracicabano, por sua vez, o ano abriu-se debaixo da ameaça de extinção do chamado “pantanal paulista,” o nosso espetacular Tanquã. Mantendo sua política neoliberal, os políticos locais (não digamos seus nomes nem seus cargos ou partidos) querem transformar uma dos mais lindos “parques” ecológicos do país em um “ponto” navegável – a ser controlado, obviamente, por empresas particulares. Ao lado dessa ameaça, outra ameaça – ainda mais presente – faz com que os piracicabanos percam a vontade de sair de casa: a violência que definitivamente tomou conta de Piracicaba.

Tida como consequência natural do “progresso” da cidade, a violência estrondosa que amedronta nossos munícipes paradoxalmente parece não abalar a tranquilidade de nossos governantes. Considerada ainda a “Amsterdam brasileira,” Piracicaba continua sendo uma grande vítima do tráfico de drogas e da falta de políticas públicas eficazes para reverter essa situação. E na esteira da violência, deflagra-se ainda como pouco provável para este ano a melhoria (real) da qualidade de nosso sistema de saúde, de nossos pronto-socorros e postos de saúde. Ancorados na ilusão de que a inauguração do hospital regional (lá no distante bairro São Francisco) virá suprir as necessidades da população piracicabana, nossos munícipes sofrem (e sofrerão) ainda as penas de um sistema que não tem projeções reais de melhora imediata.

Vendo o engrossar do caldo dos insatisfeitos com os desdobramentos da política local, estadual e federal, a perspectiva de que uma nova onda de manifestações atinja a praia de nossos governantes em plena época de Copa do Mundo já vem deixando as mais distintas agremiações políticas com as barbas de molho. Irmanados, cobras e lagartos dos mais diferentes partidos e dos mais variados poderes vêm se reunindo para traçar metas e estabelecer planos para a contenção do que pode vir a se tornar – na visão matreira de nossos políticos – um grande problema para a imagem do país lá fora. Lembrando que a Copa do Mundo acontece antes das eleições, a força do povo nas ruas novamente pode mudar por completo a situação no jogo das articulações eleitorais (ou seria melhor dizer “eleitoreiras”?). Será? É esperar para ver.

Façam suas apostas. 2014, de fato, parece ser um ano que promete!

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Diário do Engenho