Cris: A consulta comportamental normalmente é indicada ao animal quando há necessidade de se resolver problemas muito específicos, como a compulsão por lamber as patas, a coprofagia (ingestão de fezes), animais que pulam em visitas, animais que latem em excesso – entre outros problemas. A consulta é feita na casa da família /proprietário do animal, e tem como objetivo avaliar o comportamento do animal no ambiente em que ele vive e a forma com que ele se relaciona com as pessoas da casa. A bem dizer, muitos dos problemas que envolvem o comportamento dos animais são decorrentes da maneira como o proprietário lida com seu animal de estimação. Após essa avaliação (diagnóstico), é criada uma estratégia (tratamento) para solucionar o problema (doença).
2- Normalmente, quais são os problemas no relacionamento proprietário-animal que podem gerar distúrbios comportamentais? Esses distúrbios são sempre de origem social?
Cris: É comprovado que cães podem apresentar distúrbios comportamentais advindos de sua herança genética. Por outro lado, quando o proprietário não supre as necessidades do animal – necessidades essas que vão para além da alimentação e do abrigo – essa herança genética pode ser intensificada. O cão precisa da interação com as pessoas – interação essa que pode se realizar por meio de brincadeiras, de carinho e atenção. Um animal mais ativo e agitado, por exemplo, precisa de passeios diários. Quando o proprietário não consegue conciliar esses passeios com a sua próprio rotina, o cão pode apresentar comportamentos indesejados – como latidos em excesso, destruição de objetos e outras ações mais agressivas. Por exemplo: é comum que animais de estimação passem algumas horas do dia sozinhos. Então, nesse caso, o enriquecimento ambiental (brinquedos e atividades que o cão possa fazer na ausência do dono) podem evitar muitos problemas.
3 – O que o dono de um animalzinho pode fazer para evitar reforçar a má conduta do animal?
Cris: Costumo dizer que cães precisam ser tratados como cães. Mais do que não reforçar problemas é importante que os proprietários não os gerem. Dar comida para o animal enquanto a família está à mesa, pegá-lo no colo quando ele late para visitas, deixar que ele conduza o passeio e dar “atenção” quando ele está latindo em excesso são condutas que reforçam o mau comportamento. Muitas vezes o dono chama a atenção do animal apenas quando o flagra destruindo um objeto. Embora acredite estar corrigindo o problema, o dono está apenas atendendo a solicitação de atenção do animal, ou seja, o cão pode entender que toda vez que destruir algo receberá atenção de seu dono.
4- Deve-se começar a educar um cão quando ele ainda é filhotinho?
Cris: Muitas pessoas sonham com um cão perfeito. Sonham com um animal que faça suas necessidades no local certo, que passeie educadamente ao lado do dono, que não seja agressivo com outros animais na rua, que goste de crianças, que coma corretamente, que consiga ficar sozinho em casa sem destruir nada ou incomodar os vizinhos, que não faça a família passar vergonha perante as visitas e que lata no portão somente quando realmente necessário. Para que o cachorro apresente um comportamento que atenda a todas esses anseios, o adestramento na fase de socialização do animal (0 a 4 meses de vida) é muito importante. É nessa fase que o animal terá contato com as coisas que vão cercá-lo para o resto de sua vida. Por isso, é muito importante que o animal se habitue e aprenda a conviver com tudo que o cerca: crianças, visitas, portões, automóveis, fogos, motos, outros animais etc.
5- Existem, de fato, raças difíceis de serem “educadas”?
Cris: A maioria das raças possuem características definidas por sua própria evolução. Entretanto, problemas comportamentais podem surgir em qualquer uma. Existem cães de trabalho que vão precisar de mais atividade, existem cães de companhia que precisam estar mais tempo dentro de casa e com atenção do dono. Uma vez que as características de cada raça não são respeitadas, os problemas podem surgir.
O importante, antes de adquirir um cão, é pesquisar sobre as características da raça e ver se esta se adéqua à família. Outra opção são os cães SRD (sem raça definida), ou seja, os vira-latas! Eles podem ser adotados já com um temperamento bastante definido, uma vez que pode ser feito um teste de temperamento enquanto ainda bebês.Ou ainda dependendo da circunstância, pode-se optar em adotar um cão adulto, que já tem seu temperamento totalmente definido.
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