A cultura da violência.
Dois casos de extrema violência tornaram-se tristes destaques na mídia impressa da cidade durante esta semana. No primeiro caso, o comerciante José Antônio Gimenes – de 63 anos de idade – foi morto por um rapaz de apenas 20 anos. O rapaz era funcionário de Gimenes e desferiu contra ele 5 cruéis e covardes “marretadas.” O segundo caso, não menos chocante, aconteceu na tarde de terça-feira – quando um desentendimento entre dois irmãos de criação culminou no assassinato de um deles, diante da própria mãe. Impressionante? Preocupante? Pois fique sabendo que nesses 5 últimos dias de agosto a polícia de Piracicaba registrou a ocorrência de 4 mortes extremamente violentas.
Nesse sentido, vale também dizer que um resumo dos casos policiais que foram notícia em Piracicaba ao longo do ano de 2011 é igualmente estarrecedor – sendo que alguns desses casos brutais encontram-se ainda sem resolução. Por isso, e sem saudosismos ou ilusão quanto a um passado citadino mais tranquilo, é lícito afirmar que Piracicaba vem vivendo – aceitemos ou não – situações de violência que até então não eram vividas tão habitualmente por seus habitantes. Em verdade, é fato que o ataque brutal à liberdade e à integridade do piracicabano atingiu neste ano – queiramos ou não – um painel nunca antes sentido com tamanha força.
“O que está acontecendo com Piracicaba?” Tal pergunta – feita por um jornalista da EPTV Campinas, ainda no mês de fevereiro, em matéria que retratava para a TV os casos de violência ocorridos por aqui – repercute agora em tons ainda mais funestos e amedrontadores no ouvido de todos nós. “O que está acontecendo com Piracicaba?” Estaria a “Noiva da Colina” perdendo-se em meio a uma população que não para de crescer? Estariam nossas autoridades confundindo modernização, segurança, infra-estrutura e crescimento urbano com expansão desordenada e crescimento a qualquer custo? Estaríamos nós – piracicabanos – embevecidos pela ideia de metrópole e cegamente nos acostumando aos padrões de “normalidade” e “banalidade” da violência dos grandes centros?
Curiosamente, uma faixa “misteriosa” – afixada próximo ao Estádio Barão de Serra Negra, no cruzamento entre a Rua Moraes Barros e a Avenida Independência – talvez tenha trazido alguma luz à pergunta título deste editorial. Isso porque, sugerindo dados não oficiais – retirados Deus sabe lá de onde! – tal faixa, já obviamente retirada, informava aos passantes que “Piracicaba tem hoje 500 mil habitantes.” Afirmação sugestiva? Faixa provocativa? Sim. Afinal, qualquer análise sociológica um pouco mais serena sobre o desenvolvimento da urbe revela que, no Brasil, não há cidades que tenham mais de 400 mil habitantes e que não enfrentem os graves problemas estruturais que Piracicaba vem enfrentando – em especial na área da segurança pública.
Especulações e suposições à parte, tomando-se em conta os dados divulgados oficialmente – e que apontam que Piracicaba tem hoje pouco mais de 360 mil habitantes – ficamos aqui a conjecturar – em voz muito baixa e de terço nas mãos – o que será de nossa cidade quando, nos próximos anos, chegarmos aos 400 ou 500 mil habitantes.
Como já dissemos em outro editorial, reafirmamos aqui que, se à cultura de violência à qual somos submetidos diariamente em Piracicaba não se impuser outra forma de cultura – baseada em projetos e campanhas sociais de valorização da paz, da educação e de um ostensivo trabalho de combate ao uso de drogas (uma das causas basilares da violência) – fatalmente veremos nosso ideal de crescimento sucumbir às prerrogativas sempre tenebrosas das grandes metrópoles.
Novamente Alexandre nos provoca e nos convoca à reflexão… o debate sobre o crescimento de Piracicaba e a análise do ônus mais evidente advindo dele – o grave problema da violência – torna-se, de fato, urgência e inadiável. Neste ponto, torna-se fundamental a mobilização e articulação da sociedade civil… As instituições de ensino têm muito o que contribuir na direção de fazer o debate avançar… mais que isso, na direção de alavancar a construção de uma cultura da paz e da liberdade…
Caros Alexandre e Prof. Adelino, é isto mesmo. Não podemos nos calar, temos de fazer uso dos meios à nossa disposição para falar, conclamar, levar as pessoas à reflexão do nosso cotidiano.
Toda esta violência me leva a perguntar: o que é do mandamento de Cristo: amemos uns aos outros?
Sejamos fazedores da paz.
A maioria dos dados apresentados nesse artigo nao sao novidades,a nao ser o dado que demonstrava o possivel aumento da população em piracicaba e a atitude da prefeitura em esconder tal fato.Estaria,de fato, a prefeitura escondendo os problemas estruturais de piracicaba?Nada duvidarei de um prefeito tucano,a nao ser de sua suposta ideologia:a “social democracia”.
Prezado leitor “facto@hotmail.com” (seria importante para nós e para todos nossos leitores que os comentários enviados à nossa redação fossem assinados, ok? Até para podermos democratizar as discussões e sabermos com quem estamos dialogando), em resposta a seu comentário a nosso editorial podemos citar uma das já tão batidas – mas sempre verdadeiras – máximas da democracia: “não concordo com uma palavra do que dizes, mas defendo até o último instante o seu direito de dizê-la” (Voltaire). Ou seja, trocando em miúdos, gostaríamos de ressaltar aqui a postura apartidária de nosso diário – bem como, também, nos apresentarmos como uma mída neutra (nem situação nem oposição). Na verdade, o nosso único “partido” – cabe dizer – é a “cidade de Piracicaba.”
Vale dizer ainda que o editorial em questão salienta, sim, o nosso desconforto e nossa preocupação em relação ao crescimento populacional da cidade que – para nós do Diário – parece se dar numa proporção muito maior do que a divulgada. Todavia, em nenhum momento acusamos ou apontamos pessoas, cargos ou partidos como manipuladores de tais dados. Pois esse não é o nosso mérito nem nosso objetivo – mesmo porque, tais dados são colhidos por institutos e a eles cabe tais informações, não a partidos ou políticos.
Por fim, é sempre importante reafirmar que nossa preocupação é com o social. E nossa esperança é a de promover a reflexão a fim de que problemas estruturais graves de nossa cidade comecem a ser pensados e resolvidos por todos nós -a partir de nossas atitudes diárias.
Dessa forma, acreditamos que é a reflexão um instrumento poderoso e capaz de fazer com que as pessoas comuns passem a fazer parte da solução dos problemas, e deixem – por conseguinte – de fazer parte dele.
Obrigado por sua leitura!
Alê Bragion
Muito interesante seu ponto de vista .
Pra mim hoje Piracicaba tem quase 500 mil habitantes sim, eu sei que muitos escondem e verdadeira população de Piracicaba, falando que hoje ela tem 390.000 uma coisa assim, mas é mentira, Piracicaba tem muito mais, hoje vemos a quantidade de veiculos da cidade se aproximando de 300 mil, pra mim nossa Piracicaba ja tem seus quases 500 mil sim, falem a verdade !!!!!